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1% DOS MAIS RICOS POLUEM TANTO QUANTO OS 66% MAIS POBRES

Ricos poluem mais que os pobres. Segundo um relatório da ONG Oxfam, o 1% mais rico da população mundial, é responsável por 16% das emissões globais ligadas ao seu consumo.

Não somos todos iguais face ao aquecimento global, longe disso. O relatório da Oxfam intitulado “Igualdade Climática: Um Planeta para os 99%” destaca como os mais ricos são muito mais responsáveis ​​pelas emissões de gases com efeito estufa do que os mais pobres.

UM ESTILO DE VIDA INTENSIVO EM CARBONO

Assim, o 1% mais rico do nosso planeta, ou cerca de 80 milhões de pessoas, seria responsável pela emissão de tantos gases com efeito estufa como os 66% mais pobres, ou cerca de 5 bilhões de seres humanos. Para chegar a esta observação, a ONG Oxfam baseou-se em novos dados do Instituto Ambiental de Estocolmo sobre as emissões de CO2 da população mundial em função do consumo.

Poderia o estilo de vida dos ultras ricos ser muito mais intensivo em carbono do que o das pessoas comuns? Aparentemente sim, já que de acordo com este relatório, entre 1990 e 2019, estes 1% mais ricos emitiram o dobro de carbono que a metade mais pobre da humanidade. Em França, eles emitem em média dez vezes mais CO2 por ano através do seu consumo (40,2 toneladas) do que a metade mais pobre da população francesa (3,8 toneladas). Infelizmente, não temos os dados brasileiros.

VOCÊ CONHECE SUA PEGADA DE CARBONO?

Dependendo do nosso estilo de vida, emitimos mais ou menos dióxido de carbono (CO2) e outros gases de efeito estufa na atmosfera. Lançamentos que contribuem para o aquecimento global. Calcular a sua pegada de carbono permite-lhe tomar consciência do impacto, dos seus hábitos de consumo, no meio ambiente.

UM IMPOSTO SOBRE A RIQUEZA CLIMÁTICA

De um modo mais geral, os 1% mais ricos são responsáveis ​​por 16% das emissões globais relacionadas com o consumo em 2019. Os 10% mais ricos são mesmo responsáveis ​​por metade das emissões globais. É por isso que a Oxfam França recomendou a criação de um imposto sobre a riqueza climática, que tribute tanto o nível de riqueza como o seu impacto no clima. A isto acrescentar-se-ia um imposto sobre os dividendos para as empresas que não respeitam o Acordo de Paris e o fim das lacunas fiscais que matam o clima, como a do querosene para companhias aéreas.

Deveria se fazer o mesmo em todos os países do mundo, inclusive aqui no Brasil.

A boa notícia é que quanto mais rico formos, mais fácil será reduzir as nossas emissões, comenta Alexandre Poidatz, gestor da campanha “Clima e Desigualdades da Oxfam França”. As emissões de carbono do 1% mais rico provêm principalmente de bens de luxo e não essenciais”.

Se continuar assim, não conseguiremos nunca alcançar os objetivos climáticos definidos até 2030.

UM ABDÔMEN TONIFICADO, GRAÇAS AO MÉTODO ABDOMINAL HIPOPRESSIVO

A técnica abdominal hipopressiva permite moldar suavemente o abdômen, sem risco de se machucar. Um método eficaz para tonificar o abdômen, baseado em exercícios respiratórios simples.

À medida que o verão se aproxima, muitos de nós queremos voltar à forma física. Não há necessidade de métodos agressivos, quase impossíveis de manter a longo prazo. Para recuperar um ventre bem tonificado, adote esta técnica abdominal, um método de ginástica hipopressiva, que tem muitas vantagens.

QUAIS TIPOS DE ABDOMINAIS PODEMOS FAZER PARA TER UM ABDÔMEN LISO SEM DANIFICAR O PERÍNEO?

Fazer abdominais, muitas vezes parece “difícil” para muitas pessoas. É preciso dizer que a técnica mais conhecida, que consiste em levantar o busto, não é das mais fáceis. Esses chamados abdominais hiperpressivos, que aumentam a pressão no abdômen e no períneo, apresentam certas desvantagens. Ao enfraquecer a região pélvica, eles podem favorecer o aparecimento de uma hérnia na região da virilha; sem contar com o risco de machucar o pescoço ou as costas. Pois, conseguir fazer abdominais hiperpressivos corretamente não é tão simples assim. Ao levantar-se, são possíveis lesões e mesmo alguns machucados. Outro risco dos “abdominais” é: promover a descida dos órgãos, especialmente se você acabou de dar à luz ou se seu períneo é relativamente frágil.

MAS QUAIS SÃO AS VANTAGENS DO MÉTODO HIPOPRESSIVO?

Por outro lado, a técnica abdominal hipopressiva, muito mais suave, pode ser realizada por qualquer pessoa sem riscos nenhum; exceto, claro, após uma cirurgia, como uma cesariana por exemplo. O método abdominal hipopressivo pode, no entanto, ser realizado sem preocupações após o parto normal (após sessões de reabilitação perineal).

Além da vantagem de preservar o períneo e as costas, os abdominais hipopressivos, baseados na respiração, permitem relaxar. A concentração exigida por esta técnica respiratória promove assim o relaxamento físico e psicológico. A academia hipopressiva também é conhecida por melhorar o trânsito intestinal, comprimindo e massageando a região abdominal. Mas, concretamente, como fortalecer o seu abdômen com esta técnica?

COMO FAZER ABDOMINAIS HIPOPRESSIVOS?

Além dessas vantagens, os chamados abdominais hipopressivos são simples de realizar. Para começar, deite-se de costas, estique o pescoço em toda a sua extensão, coloque os braços ao lado do corpo e dobre os joelhos para cima, com os pés paralelos.

Assim posicionado, suas costas devem ficar em postura neutra, ou seja: sua curvatura lombar natural (a cavidade na parte inferior das costas) deve ser respeitada; ao contrário das “flexões” clássicas, que exigem que você esmague voluntariamente a região lombar no chão. Quando estiver bem estabelecido, você poderá passar para a técnica de respiração hipopressiva.

O MÉTODO DE RESPIRAÇÃO PARA ABDOMINAIS HIPOPRESSIVOS

  1. Respire fundo enquanto expande seu ventre.
  2. Expire lentamente enquanto contrai o ventre, quase como se estivesse sendo sugado para o chão. Desta forma, os abdominais funcionarão contraindo-se naturalmente.
  3. Mantenha a posição e prenda a respiração por 10 a 20 segundos.
  4. Em seguida, inspire inflando profundamente os pulmões, enquanto mantém o ventre contraído tanto quanto possível.
  5. Tente manter a apneia por cerca de vinte segundos, antes de retornar à respiração normal, relaxando o seu abdômen por cerca de 20 segundos.
  6. Repita estes passos pelo menos cinco vezes seguidas, sendo o ideal realizar este exercício cerca de dez minutos por dia.

Ao realizar uma série de abdominais hipopressivos todos os dias, os resultados podem ser visíveis após apenas três a quatro semanas, porque esses exercícios tensionam naturalmente os músculos abdominais; o suficiente para se ter um abdômen tonificado enquanto consolida o períneo. Um exercício fácil de realizar, que uma vez dominado, também pode ser feito em pé ou sentado, no escritório, ou enquanto espera o transporte público ou em engarrafamentos.

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NÓS TEMOS O PODER DE AUTOCURA. NÓS SOMOS MUITO MAIS DO QUE NÓS IMAGINAMOS SER.

Autocura, nós temos esse poder. A ideia de que somos capazes de influenciar nossa própria saúde e bem-estar não é nova, mas tem ganhado força com as recentes descobertas científicas e o resgate de sabedorias ancestrais. Gregg Braden, um renomado autor e pesquisador, nos traz uma perspectiva revolucionária sobre o poder de autocura que reside em cada um de nós. Segundo Braden, a chave para desbloquear esse potencial está na compreensão e na gestão da relação entre nossos pensamentos, emoções, crenças, percepções e a biologia do nosso corpo.

NÓS SOMOS MUITO MAIS DO QUE NÓS IMAGINAMOS SER

Gregg Braden nos convida a expandir nossa visão sobre quem somos, desafiando as noções tradicionais de separação e competição herdadas das teorias do século XIX e início do século XX. Ele argumenta que somos muito mais do que a soma das nossas partes físicas, e que a cooperação, e não a competição, é a regra essencial da natureza. Essa compreensão nos leva a reconhecer que somos seres intrinsecamente conectados com o mundo ao nosso redor e com as capacidades inatas de cura e regeneração.

A CIÊNCIA MODERNA E A SABEDORIA ANCESTRAL

Braden faz uma ponte entre as descobertas científicas modernas e as tradições espirituais milenares, mostrando como ambas se complementam. Ele cita, por exemplo, a descoberta das células especializadas do coração, chamadas neurites sensoriais, que funcionam de maneira semelhante às células cerebrais, mas estão localizadas fora do cérebro. Essas células são capazes de pensar, aprender e se lembrar independentemente do cérebro craniano, o que sugere uma conexão mais profunda entre o coração e o cérebro do que se pensava anteriormente.

O CORAÇÃO E O CÉREBRO: UMA CONEXÃO PODEROSA

A relação entre o coração e o cérebro é fundamental para a nossa saúde e bem-estar. Braden explica que as emoções geram sinais que são enviados do coração para o cérebro, e a qualidade desses sinais pode influenciar a química do nosso corpo. Emoções positivas e coerentes podem estimular a liberação de hormônios que promovem a saúde e o rejuvenescimento, enquanto emoções negativas e caóticas podem desencadear a liberação de hormônios de estresse, prejudicando nossa saúde a longo prazo.

COMO PENSAMENTOS E EMOÇÕES INFLUENCIAM A SAÚDE

Gregg Braden nos desafia a reconsiderar o impacto que nossos pensamentos e emoções têm sobre nossa saúde. Ele destaca que, ao contrário do que fomos condicionados a acreditar, nossos pensamentos, sentimentos e emoções são poderosos agentes de cura. A capacidade de regular essas emoções e alinhar o coração e o cérebro é vital para ativar nosso potencial de autocura e viver uma vida mais saudável e plena.

AUTOCURA: UM POTENCIAL INATO

Braden reforça que cada órgão do corpo humano é programado para curar e regenerar. Ele menciona que, mesmo órgãos que acreditávamos ser incapazes de regeneração, como o cérebro e o coração, têm mostrado em pesquisas recentes a capacidade de se reparar sob condições adequadas. Isso nos leva a uma nova compreensão de que a autocura não é apenas possível, mas é uma característica inerente à nossa biologia.

CONCLUSÃO: INTEGRANDO O PODER DE AUTOCURA EM NOSSAS VIDAS

Gregg Braden nos oferece uma visão transformadora de saúde e bem-estar, onde a autocura não é um milagre, mas uma realidade acessível a todos. Ao integrar os ensinamentos da ciência moderna com a sabedoria ancestral, podemos começar a viver de maneira mais harmoniosa com nossos corpos e com o mundo ao nosso redor. A mensagem de Braden é clara: somos muito mais do que imaginamos ser, e ao reconhecer e ativar o poder de autocura que reside dentro de nós, podemos alcançar níveis mais elevados de saúde e felicidade.


Se este assunto lhe interessa, CLIQUE AQUI, e veja o vídeo na íntegra em nosso Canal no YouTube.


Fonte: Gregg Braden

COMO O ESTRESSE SE TRANSFORMA EM MEDO

Medo, pânico… os pesquisadores identificaram o mecanismo cerebral pelo qual um evento estressante pode se transformar em medo persistente e irracional, ou até mesmo em um trauma.

É normal sentir-se estressado diante de dificuldades, ou com medo diante de uma ameaça. Este mecanismo inato de sobrevivência permite-nos permanecer vigilantes e evitar (ou fugir) dos perigos. Mas quando o medo é permanente e sem sentido, existe o risco de evoluir para distúrbios como ansiedade, fobias, depressão, síndrome de estresse pós-traumático (TEPT), etc. Mas como ocorre essa mudança?

Embora já conheçamos há muito tempo certas regiões do cérebro envolvidas nas emoções negativas – tal como a amígdala, e o “eixo biológico do estresse”, que permite ao nosso corpo reagir em caso de dificuldade, especialmente através da secreção de cortisol -, os processos envolvidos na transformação do estresse em medo permanente permaneceram desconhecidos.

E justamente por essa razão, Hui-Quam Li e seus colegas da Universidade da Califórnia, em San Diego, começaram a pesquisar esses “neurônios do medo”.

Para fazer isso, os pesquisadores trabalharam com ratos que, assim como nós, podem desenvolver uma forma de TEPT. Submetidos regularmente a choques elétricos em um compartimento específico de sua gaiola, os ratos começaram a serem “condicionados ao medo”: Pois os ratos associam a dor a esse local, e passam sistematicamente a se estressarem quando eles estão no local, mesmo sem sofrerem descargas elétricas.

Além disso, se na hora do condicionamento, os choques elétricos são muito intensos, os roedores ficam com medo, mesmo em local diferente daquele onde receberam os choques! Os animais desenvolveram, portanto, o que é chamado de “medo generalizado” semelhante ao TEPT. O que aconteceu em seus cérebros?

MUDANÇA DE NEUROTRANSMISSORES DENTRO DA “RAFE”

Estudos anteriores descobriram que o medo intenso, como um ataque de pânico, corresponde à atividade de certos neurotransmissores – moléculas que se comunicam entre os neurônios – nos circuitos dos núcleos de uma área nervosa chamada “RAFE DORSAL”, localizada sob o tronco cerebral; mais especificamente, é a atividade dos neurônios que secretam serotonina que tem sido associada a comportamentos de pânico. Porém, estes últimos também são capazes de co-liberar outra molécula, o GABA, o principal neurotransmissor inibitório do cérebro, ou mesmo o glutamato, o neurotransmissor excitatório mais abundante. Mas o que os pesquisadores notaram duas semanas após os choques elétricos, quando o medo generalizado se estabeleceu nos ratos?

Uma forma de plasticidade cerebral: em resposta ao estresse agudo e intenso – e não ao estresse fraco – os neurônios serotoninérgicos dos núcleos da rafe trocaram o “cotransmissor” majoritário, desta vez secretando mais GABA do que glutamato (sem modificação do número total de neurônios). Estes últimos também estavam ligados a outras regiões cerebrais conhecidas por estarem envolvidas no medo, como a amígdala.

Além disso, para provar que o choque elétrico de fato desencadeou essa plasticidade neuronal ao estimular o eixo de estresse do corpo e a secreção de glicocorticóides (incluindo o cortisol), que possuem receptores na rafe dorsal, os pesquisadores administraram cortisona a roedores submetidos apenas a choques elétricos fracos: esses animais desenvolveram então um medo generalizado como se tivessem sofrido o estímulo intenso, com uma transformação dos neurônios da rafe. Finalmente, mudanças semelhantes foram observadas nos mesmos neurônios em pessoas que morreram em decorrência de um transtorno de estresse pós-traumático – TEPT.

Será que podemos evitar esta mudança de neurônios serotoninérgicos e o estabelecimento do medo generalizado em roedores?

Sim, os pesquisadores conseguiram isto bloqueando em ratos a conversão dos neurónios serotoninérgicos da rafe ou dos seus receptores de glicocorticóides. Mas também injetando-lhes fluoxetina, um antidepressivo, sob a condição de fazê-lo dentro de quatro semanas após o condicionamento ao medo generalizado – tempo que persiste a plasticidade após os choques elétricos. Além desse tempo, os tratamentos foram ineficazes.

Porém, esse período corresponderia a aproximadamente três anos no ser humano, o que talvez represente o tempo, além do qual, o estresse intenso pode se transformar em trauma. Os pesquisadores sugerem, portanto, que seria possível evitar o aparecimento do medo irracional tratando rapidamente os indivíduos após um evento estressante.


REFERÊNCIAS

Hui-quan Li et al.Generalized fear after acute stress is caused by change in neuronal cotransmitter identityScience, 2024.

EPIGENÉTICA: COMO OS TRAUMAS SÃO TRANSMITIDOS ATRAVÉS DAS GERAÇÕES

No estudo da Epigenética foi constatado que, pessoas que passam por intensas provações psicológicas, o DNA pode sofrer modificações que serão transmitidas aos seus filhos, tornando-os mais vulneráveis ​​a diversos distúrbios psicológicos.

Em 11 de setembro de 2001, as torres gêmeas do World Trade Center ruíram em meio a uma névoa de horror e fumaça. Após este trágico acontecimento, os médicos da Escola de Medicina Icahn, no Monte Sinai, em Nova Iorque, sugeriram que todas as pessoas nas proximidades do desastre verificassem se tinham sido expostas a toxinas. Entre os que compareceram estavam 187 mulheres grávidas. Muitas dessas mulheres ficaram em estado de choque, o que levou um médico a procurar a ajuda da Dra. Rachel Yehuda, psiquiatra, para diagnosticar e monitorar essas futuras mães. Pois elas corriam o risco de desenvolver transtorno de estresse pós-traumático, ou TEPT, o que significa sofrer de flashbacks, pesadelos, “entorpecimento emocional” e outros sintomas psiquiátricos durante anos. Mas uma das preocupações principais não era apenas sobre essas mulheres: Era também os seus fetos. Será que eles também estavam em perigo?

A equipe da Dra. Rachel Yehuda, especializada em traumas, treinou rapidamente profissionais médicos para avaliar e, se necessário, tratar essas futuras mães. As mulheres foram acompanhadas durante e depois da gravidez. Quando os seus bebés nasceram, eles eram menores, em tamanho, do que a média em geral – o que seria o primeiro sinal de que o ataque ao World Trade Center tinha deixado a sua marca até mesmo no ventre dessas mulheres. Nove meses após o nascimento, as 38 jovens mães e seus bebês foram reexaminados. As avaliações psicológicas revelaram que muitos desenvolveram TEPT. Elas também tinham níveis anormalmente baixos do hormônio do estresse cortisol, uma característica que os pesquisadores estavam começando a associar ao distúrbio.

Mas o mais surpreendente foi que o bebê também apresentava níveis baixos de cortisol, o que foi observado através de medições salivares. O efeito foi mais acentuado entre os bebés cujas mães estavam no terceiro trimestre de gravidez no dia da tragédia. Um ano antes, uma equipa observou baixos níveis de cortisol nos descendentes adultos de sobreviventes do Holocausto, mas os pesquisadores presumiram que isso era o resultado de uma infância difícil: esta mudança biológica teria então sido causada por uma educação errática, as emoções vividas pelos pais, sendo permanentemente perturbadas pelo grave trauma que experimentaram. Mas estes novos resultados sugeriram um impacto ainda anterior: talvez as crianças tenham sido marcadas antes mesmo de nascerem.

Nos anos que se seguiram, a investigação realizada pela Dra. Rachel Yehuda e sua equipe e por outros, confirmou que as experiências negativas provavelmente influenciarão a próxima geração através de múltiplos caminhos. O mais óbvio envolve o comportamento dos pais, mas a experiência da mãe durante a gravidez, ou mesmo as mudanças ocorridas nos óvulos e espermatozoides anos antes, também provavelmente desempenham um papel. Uma influência que viria através das chamadas modificações “epigenéticas”, ou seja, alterações no funcionamento dos genes.

As implicações destas descobertas parecem terríveis, sugerindo que o trauma parental predispõe os filhos a perturbações mentais. Mas há algumas evidências de que a resposta epigenética é adaptativa e prepara essas crianças para também enfrentarem eventos difíceis.

VÍTIMAS DE UM EVENTO QUE NÃO VIVENCIARAM

A Dra. Rachel Yehuda encontrou pela primeira vez a transmissão intergeracional do trauma na década de 1990, pouco depois de sua equipe ter documentado elevadas taxas de TEPT entre sobreviventes do Holocausto na comunidade judaica de Cleveland, onde ela nasceu. Este estudo, o primeiro do género, causou agitação e, algumas semanas mais tarde, essa pesquisadora passou a dirigir um centro de investigação do Holocausto recém-criado no Monte Sinai. Segundo ela, o telefone continuou tocando. Mas surpreendentemente, a maioria das pessoas que ligaram não eram os próprios sobreviventes do Holocausto, mas sim os seus filhos, agora adultos. Sendo que uma pessoa em particular – denominada Joseph – chamava de forma recorrente, essa pessoa insistiu que a Dra. Rachel Yehuda estudasse pessoas como ele. “Eu também sou vítima do Holocausto”, disse ele.

Quando Joseph apareceu para a entrevista, ele não parecia uma vítima. Banqueiro de investimentos, bonito e rico, vestindo um terno Armani, ele poderia ter saído das páginas de uma revista de moda. Mas Joseph era constantemente dominado por um sentimento vago e opressivo: a impressão de que algo terrível iria acontecer e que ele poderia ter que fugir ou lutar pela sua vida. Ele se preparou para o pior desde os 20 anos, mantendo dinheiro e joias à mão e treinando boxe e artes marciais. Ultimamente ele vinha sofrendo ataques de pânico e terríveis pesadelos de perseguição.

Os pais de Joseph conheceram-se num campo de refugiados depois de vários anos em Auschwitz, e depois chegaram aos Estados Unidos em grande miséria. Seu pai trabalhava quatorze horas por dia e falava muito pouco, nunca mencionando a guerra. Mas quase todas as noites ele acordava sua família gritando de terror por causa de seus pesadelos. Sua mãe falava constantemente sobre a guerra, e antes de dormir, ela costumava contar histórias horríveis de membros de sua família sendo assassinados diante de seus olhos. Ela estava determinada a que seu filho tivesse sucesso e estava irritada com a recusa dele em se tornar pai. “Não sobrevivi a Auschwitz para que o meu próprio filho acabasse com a linhagem familiar”, proclamava ela. “Você tem uma obrigação comigo e com a história”.

O fato é que a Dra. Rachel Yehuda e sua equipe conversou com muitas pessoas com o mesmo perfil de Joseph: filhos adultos de sobreviventes do Holocausto que sofriam de ansiedade, tristeza, culpa ou invasões de imagens relacionadas ao genocídio, e que viviam relacionamentos disfuncionais. Joseph estava certo: a Dra. Rachel Yehuda precisava estudar pessoas como ele. Sendo que chegaram a conclusão que eles não podiam apenas examinar aqueles que telefonavam ao Centro de Pesquisa, tal como Joseph fez. Porque isso constituiria o que no jargão da investigação é chamado de “viés de amostragem”: Pois talvez aqueles que estavam telefonando fossem as pessoas mais traumatizadas que contactavam o Centro, e os pesquisadores não tinham provas de que essas pessoas fossem uma amostra representativa da população em geral.

Então, para criar uma amostra menos tendenciosa, a equipe de pesquisadores recuperou os contatos dos sobreviventes do Holocausto que foram estudados em Cleveland e analisaram os casos dos seus filhos. As análises confirmaram o que estava surgindo: os filhos adultos dos sobreviventes tinham maior probabilidade do que outros de sofrer de transtornos de humor e ansiedade, bem como de TEPT. Além disso, muitos deles tinham níveis baixos de cortisol, tal como seus pais que tinham a mesma síndrome.

O PARADOXO DO CORTISOL

O que esses resultados significavam?

Desembaraçar o emaranhado no que diz respeito ao trauma, cortisol e TEPT manteve a Dra. Rachel Yehuda e a muitos outros pesquisadores ocupados por décadas. Desde a década de 1920, sabe-se que a exposição à ameaça desencadeia a libertação de hormonas do stress, como a adrenalina ou o cortisol, que provocam uma cascata de alterações fisiológicas: a frequência cardíaca aumenta, a respiração intensifica-se, os sentidos tornam-se aguçados…etc. Essas alterações permitem que a pessoa ou ao animal de reagir – lutando, fugindo ou congelando para evitar que eles sejam detectados pela ameaça.

Há muito se pensa que o corpo volta ao normal depois que o perigo passa. Mas as ideias mudaram depois da Guerra do Vietnam, da qual muitos soldados americanos regressaram traumatizados. Em 1980, psiquiatras e defensores dos veteranos venceram uma longa luta para que o estresse pós-traumático fosse incluído na terceira edição do Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM-III). Esta foi a primeira vez que a possibilidade de um trauma ter efeitos duradouros foi oficialmente reconhecida. No entanto, esse distúrbio permaneceu controverso. Muitos psicólogos acreditavam que a sua inclusão no DSM-III foi motivada por considerações políticas e não científicas, particularmente porque era completamente desconhecido como um perigo poderia continuar a influenciar o corpo muito depois de este ter desaparecido.

Para piorar a situação, estudos sobre veteranos do Vietnam produziram resultados inesperados. Em meados da década de 1980, os neurocientistas John Mason, Earl Giller e Thomas Kosten, da Universidade de Yale, mostraram que aqueles que sofriam de TEPT tinham níveis elevados de adrenalina, mas níveis mais baixos de cortisol do que os pacientes com outros tipos de problemas psiquiátricos. Como o estresse geralmente leva a um aumento desse último hormônio, muitos pesquisadores, inclusive a Dra. Rachel Yehuda, eram céticos em relação a essas observações.

Era difícil de acreditar que os baixos níveis de cortisol tivessem algo a ver com o trauma. Mas os resultados das pesquisas eram claros: metade dos sobreviventes do Holocausto tinha TEPT, e aqueles que tinham TEPT, também tinham níveis baixos de cortisol. A dúvida não era mais permitida no meio científico.

UM EFEITO PROTETOR

Mas por que o TEPT anda de mãos dadas com baixos níveis de cortisol, mesmo quando a experiência traumática é de longa data? E qual dos dois aparece primeiro? Uma pista importante surgiu de um estudo de 1984 realizado por Allan Munck e outros pesquisadores da Geisel School of Medicine de Dartmouth. Eles observaram que, entre os hormônios do estresse, o cortisol desempenhava um papel regulador específico. Se esse hormônio permanecer em níveis elevados por muito tempo, ele prejudica o organismo de diversas maneiras, como enfraquecendo o sistema imunológico e aumentando o risco de problemas como hipertensão. Mas, paradoxalmente, num contexto de trauma agudo, ele também pode ter um efeito protetor. Ou seja, ele freia a libertação dos hormônios do stress – incluindo a si próprio – e reduz potenciais danos aos órgãos e ao cérebro. Esse ciclo de feedback induzido pelo trauma voltaria o “termostato” do cortisol a um nível mais baixo.

A EPIGENÉTICA ENVOLVIDA

Em resumo, experiências difíceis provocam uma queda duradoura nos níveis de cortisol, o que torna o indivíduo mais vulnerável a desafios subsequentes. Mas como ocorre essa primeira queda?

Muitos estudos foram realizados para responder a essa pergunta. Foi descoberto primeiro que os veteranos da guerra do Vietnam com TEPT tinham um maior número de receptores de glicocorticoides, proteínas às quais o cortisol se liga para exercer as suas diversas influências. Em seguida, os pesquisadores se interessaram pelas chamadas modificações “epigenéticas” – ou seja, que alteram a expressão dos genes – que ocorrem nesses pacientes. Em particular, foi observado um fenómeno chamado “metilação”: onde determinados grupos químicos ligam-se ao DNA, aumentando ou diminuindo a sua transcrição.

Em 2015, foi demonstrado modificações epigenéticas em genes relacionados ao estresse em veteranos com TEPT. Estas alterações explicam em parte porque os efeitos do trauma persistem durante décadas. Especificamente, foi observado uma metilação reduzida em uma região importante do gene NR3C1, que codifica o receptor de glicocorticóide. Uma modificação que provavelmente aumenta a sensibilidade dos receptores produzidos.

Em última análise, esses receptores são, portanto, mais numerosos e mais reativos nestes pacientes, em particular devido a modificações epigenéticas, o que sugere uma explicação de como eventos difíceis levam a uma queda duradoura nos níveis de cortisol. Durante esses eventos, um aumento no nível deste hormônio encorajaria o corpo a produzi-lo em menor quantidade, através do mecanismo de feedback que descrevemos. O sistema então se recalibraria, tornando-se mais sensível ao cortisol, para se adaptar a essas baixas quantidades. Modificações epigenéticas e outros tipos de mudanças definiriam esse ciclo de feedback reinicializado. Mas se ocorrer um novo evento traumático, os níveis de cortisol seriam agora insuficientes para conter o sistema de stress, levando a uma libertação desproporcional de adrenalina e TEPT.

ÓVULOS MARCADOS PELO ESTRESSE, DÉCADAS ANTES DA CONCEPÇÃO

Algumas dessas mudanças epigenéticas também afetam os filhos de pessoas traumatizadas?

A descoberta de níveis baixos de cortisol em bebês, em 11 de setembro de 2002, sugeriu isso. Também foi encontrado essa baixa taxa entre filhos de sobreviventes do Holocausto cujos pais sofriam de TEPT, mesmo que eles próprios não tivessem a doença. Talvez os problemas de Joseph (lembra dele?…), não fossem apenas resultado do clima estressante e de luto que acompanhou sua infância, mas também de uma marca biológica transmitida por seus pais.

Na verdade, quando observaram mais de perto os descendentes dos sobreviventes, foi detectado diversas modificações epigenéticas no gene do receptor de glicocorticóides. Algumas dessas mudanças estavam presentes mesmo quando a mãe não sofria de TEPT, mas conheceu o genocídio quando criança, sugerindo que este período afetou os seus óvulos muito cedo, muito antes de ela se tornar mãe.

Dada a dificuldade de acompanhar indivíduos ao longo de múltiplas gerações, os cientistas recorrem frequentemente a estudos em animais para explorar a transmissão epigenética. Em 2014, Brian Dias e Kerry Ressler, ambos da Emory University School of Medicine, descobriram uma via epigenética intergeracional que atravessa o esperma. Eles submeteram ratos machos a um leve choque elétrico enquanto cheiravam uma flor de cerejeira, o que lhes causou medo do cheiro. Esta resposta foi acompanhada por modificações epigenéticas nos seus cérebros… e nos seus espermatozoides. No entanto, os descendentes masculinos destes ratos mostraram um medo semelhante das flores de cerejeira, enquanto modificações epigenéticas também foram detectadas no cérebro e no esperma; No entanto, eles próprios não foram expostos ao choque eléctrico! Esses efeitos duraram duas gerações. Ou seja, a lição aprendida pelo Avô Rato, de que o cheiro das flores de cerejeira significa perigo, foi transmitida aos seus filhos e netos.

BEBÊS AFETADOS NO ÚTERO

Além de alterar os ovócitos e os espermatozoides que encapsulam a nossa herança genética, por vezes muito antes da concepção, o trauma também parece influenciar o ambiente uterino. As primeiras pistas desta influência vieram de estudos realizados com filhos de mulheres grávidas durante um período de grande fome – neste caso, a fome que afetou os Países Baixos durante a Segunda Guerra Mundial, quando os nazistas bloquearam o abastecimento alimentar do país durante seis meses. Os investigadores descobriram que o stress extremo, combinado com a privação nutricional, desencadeou vários problemas de saúde na descendência, tais como a susceptibilidade a doenças cardiovasculares, em maior ou menor grau, dependendo do trimestre de exposição.

Os bebês do 11 de setembro também foram afetados no útero. Estas eram particularmente crianças cujas mães estavam no terceiro trimestre de gravidez e tinham os níveis mais baixos de cortisol. Quando examinados nove meses após o nascimento, as mães foram entrevistadas e se descobriu que aquelas com TEPT (e baixos níveis de cortisol) relataram que seus bebês estavam anormalmente ansiosos e com medo de estranhos, o que acontecia muito menos entre mães sem TEPT.

Tudo isto levanta uma questão fundamental: de que forma o ambiente uterino deixa uma marca de trauma na prole?

O trabalho sobre os sobreviventes do Holocausto e os seus filhos adultos forneceu aos pesquisadores algumas pistas sobre este ponto. A história é complicada novamente e envolve uma enzima conhecida como 11-beta-hidroxiesteróide desidrogenase tipo 2 (11β-HSD2), que converte o cortisol em um composto inativo. Os sobreviventes do Holocausto, especialmente aqueles que eram mais jovens na altura dos acontecimentos, tinham níveis invulgarmente baixos desta enzima. Isto foi benéfico nas condições de privação alimentar a que foram expostos, porque uma quantidade menor desta enzima preserva o cortisol, que ajuda a converter as reservas do corpo em glicose para satisfazer as necessidades energéticas. Em última análise, este fenómeno promove a sobrevivência em caso de fome. Nos adultos, a concentração da enzima volta ao normal assim que termina a privação, mas nas crianças pode permanecer baixa durante muito tempo, dando origem a níveis anormalmente baixos nas pessoas expostas a longos períodos de desnutrição na juventude.

BURACOS NA PROTEÇÃO QUÍMICA

Nos filhos de mulheres que sobreviveram ao Holocausto, no entanto, foi encontrado o fenómeno oposto: os níveis de 11β-HSD2 eram mais elevados do que nos membros do grupo de controle. Um resultado apenas contraditório à primeira vista: durante a gravidez, o 11β-HSD2, geralmente concentrado no fígado, rins e cérebro, também atua na placenta. Em seguida, protege o feto da exposição ao cortisol materno, potencialmente tóxico para o cérebro em desenvolvimento. A enzima, particularmente ativa durante o terceiro trimestre, cria assim uma espécie de escudo químico, que degrada a hormona do stress antes de chegar ao bebé. Mas em mães traumatizadas, o seu baixo nível permite que maiores quantidades de cortisol passem para o feto. As altas concentrações da enzima observadas em seus descendentes seriam, portanto, uma adaptação que os protegeu dessas inundações de cortisol quando ainda estavam no ventre materno.

As crianças, portanto, não se contentam em absorver passivamente os golpes. Tal como os seus pais, elas sobrevivem a eventos traumáticos através de adaptações biológicas, elas próprios são por vezes capazes de se adaptar a estas mudanças.

É claro que a forma como os adultos traumatizados interagem com os filhos também influencia o seu desenvolvimento. A história em quadrinhos Maus, publicada pelo autor norte-americano Art Spiegelmann, narra essa infância extraordinária, vivida com pais que sobreviveram ao Holocausto; é uma das histórias mais impactantes sobre o assunto, que ajudou muitas outras pessoas a se abrirem sobre seu sofrimento. Muitos psicólogos e neurocientistas também analisaram famílias traumatizadas, e as suas descobertas continuarão por muito tempo.

Uma questão importante, que os pesquisadores estão a explorar ativamente, diz respeito às consequências das alterações epigenéticas relacionadas com o stress, particularmente aquelas que são repassadas à descendência: são necessariamente marcadores de vulnerabilidade ou ajudam por vezes a lidar com a adversidade?

Embora seja tentador interpretar a herança epigenética como um dano permanente que se espalha através das gerações, também poderia preparar os descendentes de pais traumatizados para desafios semelhantes aos enfrentados pelos seus progenitores. Quando as circunstâncias mudam, os benefícios conferidos por estas alterações desapareceriam ou até levariam ao surgimento de novas vulnerabilidades. Assim, a vantagem de sobrevivência desta forma de transmissão intergeracional depende em grande parte do ambiente encontrado pela sua linhagem.

REVERTENDO MODIFICAÇÕES EPIGENÉTICAS

Além disso, algumas das alterações observadas são reversíveis. Há vários anos, foi descoberto que a psicoterapia cognitivo-comportamental alterava a metilação do gene FKBP5, ligado à regulação do estresse, em veteranos com TEPT. A cura, portanto, também resulta em mudanças epigenéticas. Mais uma prova desta reversibilidade: Brian Dias e Kerry Ressler recondicionaram os seus ratos para que eles não tivessem mais medo das flores de cerejeira. Os roedores concebidos após esse “tratamento” ficaram livres da alteração epigenética observada em seus progenitores e não temiam mais o cheiro dessas flores.

Por mais preliminares que sejam, estes resultados representam um passo importante na psiquiatria: sugerem que, mesmo que as provações nos marquem biologicamente, é possível agir de acordo com a marca que deixam em nós. Assim, com os avanços no conhecimento, se espera que em breve os pesquisadores estejam mais bem equipados para ajudar não só aqueles que vivenciaram eventos traumáticos, mas também os seus descendentes.


Raquel Yehuda

Rachel Yehuda é professora de psiquiatria e neurociência, diretora do Centro de Psicoterapia Psicodélica e Pesquisa de Trauma da Escola de Medicina Icahn em Mount Sinai, Nova York, e diretora de saúde mental do James Veterans Affairs Medical Center J. Peters.


REFERÊNCIAS

P. Daskalakis et al., Intergenerational trauma is associated with expression alterations in glucocorticoid- and immune-related genes, Neuropsychopharmacology, 2021.

M. Bierer et al.,Intergenerational effects of maternal Holocaust exposure on FKBP5 methylation, The American Journal of Psychiatry, 2020.

E. Bowers et R. Yehuda, Intergenerational transmission of stress in humans, Neuropsychopharmacology, 2016.

Yehuda et al., Maternal, not paternal, PTSD is related to increased risk for PTSD in offspring of Holocaust survivors, Journal of Psychiatric Research, 2008.

Yehuda et al., Transgenerational effects of posttraumatic stress disorder in babies of mothers exposed to the World Trade Center attacks during pregnancy, The Journal of Clinical Endocrinology & Metabolism, 2005.

PERDA ACELERADA DE BIODIVERSIDADE NO PLANETA

A biodiversidade do nosso planeta, que abrange a vasta variedade de vida vegetal e animal, está enfrentando uma crise sem precedentes. A perda acelerada de biodiversidade é um fenômeno alarmante que tem consequências diretas para a sustentabilidade dos ecossistemas globais e para o bem-estar humano. Este artigo discute os fatores que contribuem para essa perda acelerada e as implicações que ela tem para o futuro do nosso planeta.

ALTERAÇÕES HUMANAS NO SISTEMA TERRA

A influência humana no sistema Terra é vasta e multifacetada. Alteramos a atmosfera através da emissão de gases de efeito estufa, principalmente devido ao uso de combustíveis fósseis. A litosfera, que compreende as rochas, a terra e os minerais, também sofre com as nossas atividades, assim como a hidrosfera, que inclui as águas em suas formas gasosa, líquida e sólida. No entanto, é na biosfera, a fina camada da Terra onde a vida prospera, que as nossas ações têm tido o impacto mais devastador.

A SEXTA EXTINÇÃO EM MASSA

Cientistas alertam que estamos atravessando a sexta extinção em massa da biodiversidade, a mais significativa desde o desaparecimento dos dinossauros. A principal causa dessa perda acelerada de biodiversidade é a conversão de ecossistemas naturais em áreas destinadas à agricultura, pecuária e urbanização. Essas transformações têm levado ao declínio de espécies tanto vegetais quanto animais, com consequências que reverberam por toda a teia da vida.

IMPACTO DA AGRICULTURA E URBANIZAÇÃO

A expansão da agricultura e da urbanização tem sido particularmente prejudicial para a biodiversidade. A extensão da superfície urbana e das estradas, juntamente com a prática de monoculturas e o uso intensivo de agrotóxicos, tem contribuído para a extinção de inúmeras espécies. Nos últimos 200 anos, mais de 200 espécies de vertebrados foram extintas, e as populações de animais vertebrados diminuíram em 69% entre 1970 e 2016. Além disso, estudos na Europa mostram que 80% da população de insetos voadores desapareceu nos últimos 30 anos, um declínio atribuído em grande parte ao uso de agrotóxicos.

DESAFIOS PARA A FAUNA E FLORA MUNDIAIS

No que diz respeito aos mamíferos, os números são igualmente preocupantes. Atualmente, 60% dos mamíferos no planeta são animais de criação, destinados principalmente à alimentação humana, enquanto apenas 30% são mamíferos selvagens. No Brasil, a situação é considerada grave, com o Ministério do Meio Ambiente estimando que 1.200 espécies de animais estão ameaçadas de extinção.

O PAPEL HUMANO NA PERDA DE BIODIVERSIDADE

O ser humano, através de suas atividades de produção e consumo, é o principal agente dessa transformação ambiental. A agricultura, a indústria, os transportes e a produção de energia são atividades que causam um impacto significativo na biodiversidade. Estamos agindo como se não houvesse consequências para nós mesmos, destruindo o habitat dos demais seres vivos e comprometendo a habitabilidade do planeta.

CONSTRUINDO UM NOVO MODELO DE PRODUÇÃO E CONSUMO

Para preservar a biodiversidade vegetal e animal, é necessário construir um novo modelo de produção e consumo que seja mais sóbrio no uso de matéria e energia e que respeite as condições de existência de todas as espécies. Esse novo modelo deve ser compartilhado globalmente, pois atualmente apenas 25% da população mundial está integrada na sociedade de consumo intensivo, enquanto os 50% mais pobres emitem apenas 8% do CO2. Não é possível estender o atual modelo de produção e consumo a toda a população do planeta sem causar danos irreparáveis.

CONCLUSÃO: A URGÊNCIA DE AÇÃO

A perda acelerada de biodiversidade vegetal e animal é um dos maiores desafios do nosso tempo. A necessidade de ação é urgente e requer uma mudança profunda na maneira como vivemos e interagimos com o nosso planeta. Somente através de esforços conjuntos e transformações significativas em nossas práticas econômicas e sociais poderemos garantir a preservação da biodiversidade para as gerações futuras.


(*) Tomás Togni Tarquinio.

Antropólogo pela Universidade de Paris VII, pós-graduado em Prospectiva Ambiental pela EHESS. Ex-diretor de estudos no GERPA, CREDOC. Consultor América Latina e Europa. Membro do Institut Momentum.

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