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COMO ACALMAR A ANSIEDADE (SEGUNDO A NEUROCIÊNCIA)

A ansiedade é uma condição comum que afeta muitas pessoas em todo o mundo. No entanto, segundo a neurociência, é possível aprender a acalmar a ansiedade através de técnicas e práticas específicas. Hoje eu quero oferecer à vocês uma visão detalhada sobre como podemos reeducar nosso cérebro para lidar com a ansiedade de maneira eficaz.

O QUE É ANSIEDADE E COMO ELA SE DESENVOLVE

Ao contrário do que se possa pensar, a ansiedade é um comportamento aprendido. Na verdade, é um hábito que foi criado pelo cérebro. Nós não somos ansiosos, nós nos tornamos ansiosos ao alimentar os mecanismos que sustentam esse hábito ao longo do tempo. Situações específicas podem se tornar cada vez mais geradoras de ansiedade, e a resposta do cérebro pode se tornar um ciclo contínuo de preocupação e estresse.

COMPREENDENDO OS MECANISMOS DA ANSIEDADE

Para combater a ansiedade, é crucial entender os mecanismos por trás dela. Existem três regras fundamentais que regem o aprendizado: gatilho, comportamento e recompensa. Ao identificar esses elementos em nossas próprias experiências de ansiedade, nós podemos começar a desmontar o ciclo vicioso que ela cria.

AS TRÊS REGRAS DO APRENDIZADO E A ANSIEDADE

Todo aprendizado, incluindo o desenvolvimento da ansiedade, segue um padrão de gatilho, de comportamento e de recompensa. O gatilho desencadeia uma resposta comportamental que é seguida por uma recompensa. No caso da ansiedade, muitas vezes a “recompensa” é uma forma de alívio temporário ou a falsa sensação de estar lidando com uma ameaça, mesmo que imaginária.

COMO ACALMAR A ANSIEDADE SEGUNDO A NEUROCIÊNCIA

A neurociência sugere que podemos interromper o ciclo da ansiedade ao nos tornarmos conscientes dos gatilhos e comportamentos e ao questionar a verdadeira recompensa por trás deles. Ao fazer isso, nós podemos começar a reeducar nosso cérebro para responder de maneira diferente às situações que normalmente nos causam ansiedade.

CURIOSIDADE COMO FERRAMENTA CONTRA A ANSIEDADE

A curiosidade é uma poderosa aliada no combate à ansiedade. Quando nos tornamos curiosos sobre nossos próprios processos mentais e físicos, nós deslocamos a atenção da preocupação para a exploração e compreensão do que está acontecendo dentro de nós. Isso pode ajudar a acalmar a mente e reduzir a ansiedade.

REEDUCANDO O CÉREBRO PARA NOVOS COMPORTAMENTOS

Reeducar o cérebro envolve a criação de novos comportamentos e recompensas. Ao invés de cair em padrões de pensamento ansiosos, nós podemos escolher focar em pensamentos e ações que promovam a calma e o bem-estar. Isso requer prática e paciência, mas com o tempo, pode-se ensinar o cérebro a adotar esses novos padrões como resposta automática.

CONCLUSÃO: ACALMANDO A ANSIEDADE COM CONSCIÊNCIA E PRÁTICA

Segundo a neurociência, acalmar a ansiedade é possível através da compreensão e aplicação de técnicas que nos ajudam a reeducar nosso cérebro. Ao nos tornarmos conscientes dos gatilhos e comportamentos que alimentam a ansiedade e ao substituí-los por respostas mais saudáveis, nós podemos encontrar alívio e uma sensação de controle sobre nossas emoções. A chave é a prática contínua e a gentileza consigo mesmo durante o processo.

Auricy T.

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Se este assunto lhe interessa, vejo o vídeo na íntegra clicando AQUI!

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CRÍTICA A SOLUÇÕES TECNOLÓGICAS PARA A CRISE ECOLÓGICA

A socióloga Sophie Dubuisson-Quellier, em sua apresentação, oferece uma visão crítica sobre a abordagem comumente adotada em relação às soluções para as crises ambientais e sociais contemporâneas. Ela argumenta que a tendência de buscar soluções prontas e aplicáveis de forma generalizada, sem considerar a complexidade das interações sociais e a estruturação das sociedades, pode levar a um impasse ou até mesmo a um retrocesso nas ações de combate às mudanças climáticas e outros desafios globais.

CRÍTICA AO SOLUTIONISMO TECNOLÓGICO

Dubuisson-Quellier destaca que as soluções tecnológicas, frequentemente vistas como a chave para a descarbonização e a resolução de problemas ambientais, não são elementos neutros que podem ser simplesmente inseridos na sociedade. Elas estão imersas em complexas interdependências sociais, técnicas e políticas. A socióloga ressalta que as tecnologias contêm “scripts” sociais, ou seja, pressupostos sobre como serão fabricadas, financiadas, implementadas e utilizadas, o que muitas vezes é negligenciado por visões excessivamente otimistas.

OS MODOS DE VIDA E A QUESTÃO DOS COMPORTAMENTOS

Outro ponto abordado por Dubuisson-Quellier é a ideia de que a mudança nos modos de vida, frequentemente reduzida a uma questão de alteração de comportamentos individuais, é na verdade um fenômeno muito mais complexo. Os modos de vida são constituídos por práticas sociais enraizadas em organizações sociais, técnicas e econômicas, e são moldados por trajetórias históricas longas e padrões de vida legitimados socialmente. A socióloga argumenta que mudar esses modos de vida requer uma compreensão profunda das estruturas coletivas que os sustentam e das inércias que eles apresentam.

NOVOS IMAGINÁRIOS E A CONSTRUÇÃO SOCIAL

A terceira perspectiva criticada por Dubuisson-Quellier é a crença de que a criação de novos imaginários e narrativas pode, por si só, levar à transformação das sociedades. Ela argumenta que o consumismo, por exemplo, não é simplesmente um “conto” que foi imposto à sociedade, mas sim o resultado de um processo de longo prazo, altamente institucionalizado e baseado em relações e estruturas de poder. A socióloga enfatiza que as mudanças necessárias para enfrentar os desafios ambientais e sociais atuais exigem ações concretas e mudanças nas políticas públicas, nas práticas empresariais e nas instituições sociais.

DESAFIOS PARA A MUDANÇA SOCIAL

Sophie Dubuisson-Quellier aponta que, para efetuar uma mudança social significativa, é preciso ir além da prescrição de soluções simplistas e considerar as dimensões sociais complexas que estão em jogo. Ela sugere que é necessário produzir mais pesquisas e compreender os bloqueios da sociedade carbonizada, identificando as interdependências e o papel das articulações entre modelos de negócios e instrumentos macroeconômicos. A socióloga também destaca a importância de abordar as desigualdades inerentes à sociedade do carbono e de construir novas interdependências que promovam uma distribuição mais justa dos recursos cada vez mais escassos.

CONCLUSÃO: A IMPORTÂNCIA DE REPENSAR AS ESTRATÉGIAS

Em conclusão, Sophie Dubuisson-Quellier nos convida a repensar as estratégias de combate às mudanças climáticas e outros desafios globais, enfatizando a necessidade de uma abordagem que leve em conta a complexidade das sociedades e a interconexão entre as esferas social, econômica e ambiental. Ela nos lembra que as soluções não estão prontamente disponíveis em uma “prateleira”, mas devem ser cuidadosamente experimentadas, testadas e adaptadas às realidades sociais específicas. A socióloga nos desafia a reconhecer que a resolução dessas crises é um processo social e político intrincado, que requer uma reavaliação profunda das organizações sociais e políticas e dos valores que as sustentam.


(*) Tomás Togni Tarquinio.

Antropólogo pela Universidade de Paris VII, pós graduado em Prospectiva Ambiental pela EHESS. Ex-diretor de estudos no GERPA, CREDOC. Consultor América Latina e Europa. Membro do Institut Momentum.

DESCUBRA QUAIS SÃO OS NEUROTRANSMISSORES QUE DOMINAM SEU CORPO, EQUILIBRE-OS E VOCÊ TERÁ UMA VIDA PLENA

Conheça seus neurotransmissores, equilibre-os e você terá uma vida plena e harmoniosa. Sim, uma vida feliz e realizada começa no seu cérebro, pois ela depende de quais substâncias químicas seu cérebro envia para o seu corpo.

Antes de mais nada precisamos saber qual a diferença entre os neurotransmissores e os hormônios.

Frequentemente, vemos os neurotransmissores sendo chamados de hormônios, mas essas duas substâncias são bem diferentes, tanto em relação a origem quanto em relação a forma como elas agem dentro de nós. É importante lembrar que os hormônios podem atuar no cérebro também, mas isso não significa que os neurotransmissores são hormônios.

Os neurotransmissores são produzidos nos neurônios e são liberados nas fendas sinápticas com o objetivo de passar uma informação entre um neurônio e outro. Já os hormônios são produzidos pelas glândulas endócrinas e são liberados na corrente sanguínea, e então viajam por todo o corpo até encontrar os órgãos nos quais eles devem atuar.

De forma resumida os hormônios são os mensageiros do sistema endócrino, enquanto os neurotransmissores são os mensageiros do sistema nervoso.

Mas aqui, neste artigo nós trataremos exclusivamente dos neurotransmissores, mais especificamente de 06 deles que são considerados os principais.

Por vários séculos, nós pensamos que a qualidade da nossa vida dependeria apenas de nosso passado e de nossa capacidade de superar nossas feridas emocionais. O que nos levou a acumular muita culpa e ansiedade. Então, os cientistas descobriram que o nosso cérebro libera alguns neurotransmissores básicos que induzem nossos pensamentos, que influenciam nossas emoções, nossos comportamentos e, portanto, nossa vida.

Existe, portanto, uma relação entre os excessos ou as deficiências que você tem de neurotransmissores e os resultados que você obtém em todas as áreas de sua vida, tais como, no seu trabalho, nos seus relacionamentos, na busca pela sua saúde, nas suas finanças…enfim.

E como nós sabemos disso?

Nós sabemos disso através do estudo da neuroquímica do cérebro. A Neuroquímica é um campo da Neurociência que estuda os neurotransmissores, os neuropeptídeos, os neuro moduladores e os compostos psicoativos. A Neuroquímica é uma interseção entre a Bioquímica e a Neurociência e ela busca compreender como as moléculas influenciam a atividade neural e, consequentemente, o Sistema Nervoso.

E saiba você que dependendo do seu perfil neuroquímico (e dos seus neurotransmissores dominantes), você pode identificar e modificar possíveis distúrbios emocionais, psíquicos e físicos, para ter acesso a uma vida mais longa e feliz. Ou seja, seus comportamentos, seus resultados e sua psicologia dependem do perfil de seus neurotransmissores dominantes.

Para que você entenda o que eu quero dizer com “neurotransmissores dominantes”, eu vou dar um exemplo simples, digamos que em algum momento em sua vida, você não conseguiu resolver uma emoção que você experimentou em um certo momento, e que talvez você nem lembre mais qual foi essa situação, o fato é que ela provocou uma emoção ruim, tal como a raiva, o ódio,  tristeza…etc,  e você manteve essa emoção dentro de você por anos, tempo suficiente para que esse estado de humor que você sentiu naquele momento se tornasse o seu novo temperamento, e finalmente a sua personalidade. E durante todo esse período, o seu corpo se acostumou a receber a substância química correspondente a essa emoção, que poderia ser o cortisol por exemplo.

O fato é que, como seu corpo se viciou nessa substância, isso fez com que as outras substâncias químicas, que seriam benéficas para você não fossem produzidas em quantidade satisfatória. Ora, como alguém viciado em receber adrenalina, que também pode ser chamada de epinefrina, que é um hormônio neurotransmissor que atua diretamente no Sistema Nervoso Central em situações onde o indivíduo é submetido a grandes emoções, estresses, medos ou tensões, pode relaxar, fazer exercícios cardiovasculares e produzir a serotonina dentro de si?

Vocês entenderam?

Assim sendo, conhecendo o seu perfil, conhecendo quais os seus “neurotransmissores dominantes”, você entenderá por que você está progredindo ou não em algumas áreas de sua vida. Sendo que o perfil de cada pessoa é único.

Agora como mudar seu perfil neuroquímico para reagir melhor a certas situações em sua vida?

Como você pode ver, o seu equilíbrio emocional e psicológico depende do equilíbrio de seus neurotransmissores. Por exemplo, se você tem resistência e sofrimento, não é necessariamente devido ao seu passado, mas ao fato de seu cérebro não ter o que é preciso no momento presente para reagir ao que você está passando.

Exemplos:

  1. Você está constantemente abatido moral ou intelectualmente, está inerte, falta desejo, falta vontade de fazer as coisas, você tem falta de motivação ou entusiasmo, você acorda com pouca energia?

Pode ser apenas devido a uma deficiência de dopamina.

. Agora, se a sua mente está divagando, você está impulsivo, pula de um assunto para outro, em casos mais graves, com tenência esquizoide.

Você está, ao contrário, com excesso de dopamina

  1. Você tem mudanças de humor, tendência à depressão ou distúrbios alimentares, emotividade, irritabilidade, agressividade, certas compulsões em um nível elevado.

Você pode estar provavelmente com carência de serotonina.

. Mas se você está hesitante, distraído, timidez em um nível elevado.

Você está, ao contrário, com excesso de serotonina.

  1. Você tem dificuldade de concentração, memorização ou criação, distúrbios cognitivos.

Você pode estar com deficiente em acetilcolina

. Mas se você está se isolando de todo mundo, com algumas tendencias paranoides.

Você está, ao contrário, com excesso de acetilcolina.

4. Você está com tendencias misantrópicas, rejeitando uma vida em sociedade, com insônias,  tudo isso em um nível elevado.

Você pode estar com deficiente em Melatonina.

. Mas se você está o tempo topo com fatiga, tendencia depressiva, adormece muito durante o dia.

Você pode estar, ao contrário, com excesso de Melatonina.

5. Você sente falta de estimulação física e mental, vontade de morrer, sentimento de inutilidade

É uma aposta segura que seu nível de noradrenalina está no nível mais baixo.

. Mas se você se mostra constantemente violento e agressivo.

Você está, ao contrário, com excesso de noradrenalina.

6. Você está ansioso ou não consegue dizer não?

Você pode estar provavelmente com carência em GABA

. Você se preocupa muito com a opinião dos outros, apresenta um conformismo exacerbado, tem dificuldades em administrar as mudanças da vida. Você se sente rejeitado ou tem problemas para dormir?

Você está, ao contrário, com excesso de GABA

Lembre-se disso:

Seu cérebro é como uma usina de energia, cujos neurônios (que liberam neurotransmissores) são as únicas células em seu corpo capazes de desencadear uma ação (ou procrastinação). Sua neuroquímica, portanto, determina o sucesso e a felicidade em sua vida cotidiana.

O futuro do seu desenvolvimento pessoal está na neuroquímica, no poder dos seus neurotransmissores, porque eles são os pilotos da sua vida.

Cada um desses neurotransmissores tem uma função específica em seu estado equilibrado dentro do corpo, ou seja, nem em excesso nem em carência.

É muito importante que você entenda como os neurotransmissores agem dentro de nós, e como provocar de forma natural a sua secreção. Porque, sabendo disso você terá um controle maior da sua vida. Se você conseguir equilibrá-los, você poderá se desprender de suas emoções e mudar seu comportamento sem forçar. Você então entra naquilo que chamamos de neuro-felicidade.

Auricy T.

TRATANDO O CÉREBRO SEM MEDICAMENTOS GRAÇAS À NEUROCIÊNCIA

O tratamento de distúrbios cerebrais e emocionais tem sido predominantemente associado ao uso de medicamentos farmacêuticos. No entanto, uma nova abordagem está emergindo, baseada na intersecção entre neurociência e terapias não medicamentosas. Essa abordagem inovadora oferece uma perspectiva promissora para tratar uma variedade de condições cerebrais, desde transtornos de ansiedade e depressão até problemas de atenção e cognição, sem os efeitos colaterais muitas vezes associados aos medicamentos. Vamos explorar como a neurociência está moldando esse novo paradigma de tratamento.

A NEUROCIÊNCIA POR TRÁS DO TRATAMENTO NÃO MEDICAMENTOSO

A neurociência desempenha um papel fundamental na compreensão dos mecanismos subjacentes aos distúrbios cerebrais. Ela nos permite mapear as redes neurais envolvidas em diferentes funções cognitivas e emocionais, bem como identificar disfunções nessas redes associadas a condições específicas.

Por exemplo, pesquisas mostram que a terapia cognitivo-comportamental (TCC) pode remodelar circuitos neurais envolvidos na regulação emocional, fornecendo alívio para aqueles que sofrem de ansiedade e depressão. Da mesma forma, a neuroplasticidade, a capacidade do cérebro de reorganizar suas conexões em resposta à experiência, é uma força motriz por trás de várias abordagens de tratamento não medicamentoso.

TERAPIAS NÃO MEDICAMENTOSAS EM AÇÃO

  1. Meditação e Mindfulness: Estudos demonstraram que a prática regular de meditação pode promover mudanças estruturais no cérebro, aumentando a densidade do córtex pré-frontal, área associada ao controle cognitivo e emocional. O mindfulness, uma forma de meditação que envolve a consciência plena do momento presente, tem sido eficaz no tratamento de ansiedade, depressão e estresse.
  2. Estimulação Magnética Transcraniana (EMT): Esta técnica não invasiva envolve a aplicação de campos magnéticos para modular a atividade cerebral. A EMT tem mostrado resultados promissores no tratamento da depressão resistente ao tratamento, ajudando a restaurar a atividade neural em regiões associadas ao humor.
  3. Neuro feedback: Esta abordagem permite que os indivíduos aprendam a modular sua atividade cerebral em tempo real, geralmente através de interfaces de computador. O neuro feedback tem sido utilizado no tratamento de transtornos de déficit de atenção e hiperatividade (TDAH), ansiedade e até mesmo dor crônica.
  4. Exercício Físico: Além dos benefícios óbvios para a saúde física, o exercício regular tem demonstrado melhorar a função cognitiva e modular o humor. Isso ocorre em parte devido aos efeitos do exercício na liberação de neurotransmissores e fatores neurotróficos, substâncias que promovem o crescimento e a sobrevivência celular no cérebro.

O FUTURO DO TRATAMENTO CEREBRAL

Embora as terapias não medicamentosas ainda estejam ganhando reconhecimento, seu potencial para revolucionar o campo do tratamento cerebral é imenso. À medida que continuamos a aprofundar nossa compreensão dos mecanismos neurais subjacentes aos distúrbios cerebrais, podemos desenvolver intervenções mais precisas e eficazes.

No entanto, é importante reconhecer que as terapias não medicamentosas não são uma panaceia. Em muitos casos, uma abordagem integrada que combina terapias não medicamentosas com tratamentos farmacológicos pode ser a mais eficaz.

Em última análise, o advento do tratamento cerebral sem medicamentos oferece uma nova esperança para milhões de pessoas em todo o mundo que lutam contra distúrbios mentais. Ao utilizar os princípios da neurociência para moldar intervenções terapêuticas, podemos avançar em direção a um futuro em que o tratamento do cérebro seja mais holístico, personalizado e livre de efeitos colaterais prejudiciais.

Embora as terapias não medicamentosas ofereçam muitos benefícios, elas também enfrentam desafios significativos. A acessibilidade é uma preocupação fundamental, já que nem todos têm acesso a recursos como terapeutas qualificados, equipamentos de neuro feedback ou programas de exercícios supervisionados. Além disso, algumas abordagens, como a Estimulação Magnética Transcraniana (EMT), podem ser relativamente caras e exigir equipamentos especializados.

Outro desafio é a variabilidade individual na resposta ao tratamento. O que funciona para uma pessoa pode não funcionar para outra devido a diferenças genéticas, ambientais e neurobiológicas. Isso destaca a importância de uma abordagem personalizada para o tratamento cerebral, adaptada às necessidades específicas de cada indivíduo.

 IMPLICAÇÕES ÉTICAS E SOCIAIS

À medida que exploramos novas formas de tratar o cérebro sem medicamentos, também surgem questões éticas e sociais importantes. Por exemplo, quem deve ter acesso a essas terapias? Como garantir que essas intervenções sejam usadas de maneira ética e responsável?

Além disso, há preocupações sobre a medicalização excessiva de problemas emocionais e comportamentais. A promoção de tratamentos não medicamentosos pode ajudar a reduzir a dependência de medicamentos, mas também levanta questões sobre a comercialização de soluções para problemas que podem ser mais bem abordados por meio de mudanças sociais, econômicas e políticas mais amplas.

O tratamento do cérebro sem medicamentos está se tornando uma realidade tangível graças aos avanços na neurociência e às inovações em terapias não medicamentosas. Essas abordagens oferecem uma alternativa bem-vinda aos tratamentos convencionais, muitas vezes acompanhados por efeitos colaterais indesejados e limitações de eficácia.

No entanto, há muito trabalho a ser feito para superar os desafios e maximizar os benefícios dessas terapias. Isso inclui a pesquisa contínua para entender melhor os mecanismos subjacentes aos distúrbios cerebrais, o desenvolvimento de intervenções mais acessíveis e personalizadas, e a consideração cuidadosa das implicações éticas e sociais dessas abordagens.

Ao continuarmos a integrar os insights da neurociência com práticas terapêuticas inovadoras, podemos abrir caminho para um futuro onde o tratamento do cérebro seja mais eficaz, holístico e centrado na pessoa.

Auricy T.

REEDUCAR NOSSOS CÉREBROS PARA SAIR DA CRISE ECOLÓGICA

Em palestra inspiradora proferida pelo neurocientista Sébastien BOHLER no TEDx Paris Salon, ele afirma que os seres humanos estão confrontados a uma realidade inquietante: nosso cérebro, que por milhões de anos foi nosso maior aliado, pode agora ser considerado nosso pior inimigo no contexto da crise ecológica. A palestra, intitulada “RÉÉDUQUEZ NOTRE CERVEAU POUR SORTIR DE LA CRISE ÉCOLOGIQUE“, nos desafia a repensar nossos comportamentos e a reeducar nosso cérebro para enfrentar os desafios ambientais que ameaçam nosso planeta.

O CORPO ESTRIADO E A CRISE ECOLÓGICA

BOHLER nos introduz ao corpo estriado, uma parte antiga do cérebro responsável por nossas emoções e prazeres mais primitivos. Ele explica como, ao longo da evolução, o corpo estriado foi programado para nos recompensar com dopamina – a química do prazer – quando realizamos ações que garantam nossa sobrevivência, tal como acumular informações, comer, reproduzir e minimizar esforços. No entanto, em nosso mundo moderno saturado de informações e abundância, esses mesmos mecanismos estão contribuindo para a crise ecológica, incentivando o consumo excessivo e a degradação ambiental.

A CONTRADIÇÃO DO PROGRESSO HUMANO

A palestra destaca a contradição entre as maravilhas tecnológicas que o ser humano é capaz de criar, tal como os aviões da Airbus, e a estupidez humana que se manifesta na incapacidade de lidar com as consequências ambientais de nossas ações. BOHLER nos lembra que, enquanto celebramos nossos avanços tecnológicos, devemos também estar cientes dos alertas de milhares de cientistas sobre as mudanças climáticas e seus efeitos devastadores.

COMO REEDUCAR NOSSO CÉREBRO?

Diante desse cenário, BOHLER propõe três estratégias para reeducar nosso cérebro e alinhar nossos desejos e comportamentos com a sustentabilidade ambiental. A primeira estratégia envolve aprender a obter prazer com menos, de forma que a apreciação consciente de algo simples possa gerar satisfação e dopamina. A segunda estratégia sugere que o altruísmo e o compartilhamento podem ser fontes de prazer, como demonstrado em estudos que revelam a liberação de dopamina quando as pessoas escolhem compartilhar recursos com outros. A terceira e última estratégia enfatiza o poder do conhecimento e da curiosidade como verdadeiras fontes de nutrição para o cérebro, capazes de gerar prazer e bem-estar sem impacto ambiental.

CONCLUSÃO: UM CAMINHO PARA A HARMONIA

BOHLER conclui sua palestra com uma mensagem de esperança: é possível reequilibrar o imenso poder do nosso córtex, a parte do cérebro responsável pela inteligência e raciocínio, com o imenso reservatório de desejo do nosso corpo estriado.

Ao fazer isso, nós podemos transformar nosso cérebro de um inimigo em um aliado na luta contra a crise ecológica. A reeducação do nosso cérebro não é apenas uma possibilidade, mas uma necessidade urgente para garantir a sobrevivência do nosso planeta e das futuras gerações.

Com a conscientização e as ferramentas certas, nós podemos começar a mudar nossos hábitos e comportamentos, criando um futuro mais sustentável e harmonioso. A palestra de Sébastien BOHLER no TEDx Paris Salon é um convite para todos nós refletirmos sobre como podemos contribuir individual e coletivamente para a solução da crise ecológica, reeducando nosso cérebro para um bem maior.

Auricy T.

 

TRANSIÇÃO ECOLÓGICA EM UM MUNDO FINITO

A Terra é finita. Com apenas treze mil quilômetros de diâmetro, distância que separa Paris de Montevideo, o planeta restará do mesmo tamanho por bilhões de anos. Um insignificante corpo celeste vagando no espaço. Porém excepcional: único que abriga vida, ao nosso conhecimento. No entanto, nós o concebemos como ilimitado e cuja função é nos servir.

No registro sagrado, a visão é antiga; já está presente nos primeiros versículos do Genesis. No registro profano, a visão utilitarista da natureza se afirmou bem mais tarde. No Século XVII, Descartes a sintetizou colocando os humanos no pedestal como “maître et possesseur de la nature” (mestres e possuidores da natureza). No século XX, Schumpeter atualizou o conceito ao afirmar que a destruição criativa é o motor do capitalismo. Nas entrelinhas, o economista austríaco disse que a modernidade fóssil somente prospera em um mundo infinito. Hoje, essas ideias são cada vez mais contestadas. Nós, humanos, redescobrimos que somos natureza, que estamos na natureza e que a natureza está em nós.

Nossa sociedade termo industrial é completamente tributária das energias fósseis. Ela se revelou incompatível com os limites impostos pela natureza. A abundância de energias fósseis e matérias primas moldou a forma como o nosso modo de vida está organizado.  E alimenta a quimera que estamos em um planeta interminável. Esse modo de produção e consumo de bens e serviços afastou os seres humanos da natureza viva e inanimada. Agora coloca em risco as condições de habitabilidade dos humanos e não-humanos sobre a face da terra. O utilitarismo nos apartou da biologia, ou seja, das condições nas quais a vida prospera em proveito da mecânica.

Face à desregulação ecológica em curso acelerado da atmosfera, hidrosfera, litosfera e biosfera (ecosfera), os defensores dessas concepções tentam preservar esse modo de produção e consumo deletério de bens e serviços. O discurso predominante veiculado pelos meios de comunicação, igualmente pela sociedade civil, pressupõe que a transição ecológica será realizada sem mudanças de paradigmas. Supõem que a superação do gigantesco desafio que teremos que enfrentar ocorrerá em um contexto de abundância de matérias primas e energia. As limitações futuras são minimizadas e não condizem com os enormes obstáculos que a civilização termo industrial já enfrenta e enfrentará em escala mais aguda, a curto, médio e longo prazo. O suposto contexto de opulência de recursos naturais, associado ao otimismo no tocante a inovações tecnológicas, seriam componentes favoráveis à superação das dificuldades. A transição ecológica é observada como se fosse independente do enorme substrato material sobre o qual repousa a modernidade. A gigantesca escala de recursos naturais que será necessário mobilizar é insuficiente para garantir o mesmo padrão de vida. Situação agravada pelo exíguo período de tempo necessário para se construir uma sociedade pós-carbono.

Trata-se de substituir a matriz energética mundial dependente em 85% de energias fósseis (carvão, petróleo, gás) – e responsável por cerca de 80% das emissões de GEE – por energias de baixo carbono (eólica, solar e nuclear que só produzem eletricidade). E de introduzir novas tecnologias que exigem extrair uma quantidade de metais equivalente ao que foi retirado da litosfera desde a invenção da metalurgia.

Mas a desregulação ecológica não diz respeito apenas da vertente climática. Ela vem acompanhada da perda de biodiversidade, esgotamento dos recursos naturais não renováveis e poluições diversas e variadas do meio natural (água, ar, solos…).

Ainda permanece a ilusão que será possível desacoplar, ou dissociar, o crescimento da riqueza (PIB) dos danos causados ao quatro componentes da ecosfera. Ou seja, promover o crescimento da riqueza e, ao mesmo tempo, reduzir do emprego de matérias primas e energia – em termos absolutos. O aumento dos bens e serviços sempre foi acompanhado do crescente emprego de matérias primas e energia. Hoje, por exemplo, o consumo de matérias primas é superior a taxa de crescimento da economia mundial. Quanto maior for produção e consumo, mais matéria e energia serão empregadas no processo econômico e maior será a degradação do meio natural.

O narrativa prevalente segue difusa e não estruturada. Acreditam que os mesmos privilégios oferecidos pela modernidade fóssil serão assegurados pela transição ecológica: crescimento econômico, poder de compra, mobilidade, alimentação, habitação, saúde, educação, aposentadoria, seguridade social, lazer… No entanto, a prosperidade proporcionada pela sociedade termo industrial beneficia de maneira extremamente desigual em torno de 30% da população mundial. Por exemplo, o 1% mais rico do planeta é responsável por 15% das emissões de CO2; os 10% mais ricos por 52%; enquanto que os 50% mais pobres por apenas 8%. Se os 10% mais ricos já causam esse nível de degradação da ecosfera, fica evidente que será impossível estender os benefícios desse modo de vida à parte da humanidade excluída do banquete.

No entanto, o modo de produção e consumo desenfreado de bens e serviços segue sendo visto como perene e não como transitório. Trata-se de um parêntesis de abundancia iniciado com a revolução industrial e que agora encontra limites à sua expansão. Essas restrições são impostas por leis físicas químicas e biológicas irrevogáveis. E não por leis econômicas.

Atenuar e adaptar a humanidade aos efeitos nefastos causados pela desregulação ecológica requer encarar o futuro com realismo. Ainda não há clareza como o futuro será, tampouco como construí-lo. As soluções serão provavelmente diversificadas, dependendo de condições locais e regionais, com aproximação da esfera da produção e do consumo.

O futuro não será o prolongamento do modo de vida presente. A transição ecológica não se resume a mudança de infraestruturas, a substituição de energias fósseis por energias de baixo carbono. Trata-se transformação cultural que requer abandonar o modo de vida nascido com civilização termo industrial.

Ainda há tempo para construir uma sociedade pautada pela sobriedade na produção e consumo, pela moderação voluntária e compartilhada. A superação implica em saber o que produzir, para que produzir, para quem produzir e, sobretudo, como produzir, dando prioridade ao necessário e essencial, abandonando o supérfluo.


(*) Tomás Togni Tarquinio

Antropólogo pela Universidade de Paris VII, pós graduado em Prospectiva Ambiental pela EHESS. Ex-diretor de estudos no GERPA, CREDOC. Consultor América Latina e Europa. Membro do Institut Momentum.