Essa necessidade que nós seres humanos temos de ir uns em direção ao outro, parte de um ponto muito simples:
– Nós seres humanos fabricamos uma prole hiper vulnerável. Sabendo disso, nós nos demos conta que, se várias pessoas cuidassem dessa prole em conjunto, seria bem mais prático. Então nós nos reagrupamos. Primeiramente a dois, para poder procriar. E em seguida, em muitos, pois assim nós teríamos mais chance de sobreviver. De repente, nos damos conta, que nós dispomos a bordo, de três mecanismos naturais que podemos ativá-los quando necessário.
- O PRIMEIRO MECANISMO É A OCITOCINA
A Ocitocina é o hormônio do “APEGO”, que nós chamamos tambem de o “hormônio do carinho”. Nós secretamos ocitocina, que é um neuropeptídio que atua no cérebro e no corpo quando nós fazemos amor, na hora do parto ou quando amamentamos. Mas não só nesses momentos, já que também o secretamos em interações sociais extremamente comuns, como por exemplo:
– Quando eu falo com o meu vizinho, quando eu brinco com uma criança, quando eu faço uma boa negociação.
É isso que vai permitir a cooperação e a criação de Seres recíprocos. E também, quando nós secretamos a Ocitocina, nós nos tornamos mais sensíveis aos olhares e aos sorrisos que vemos na nossa frente. E se nós estivermos dentro de uma sala barulhenta, mas se os nomes “Beijar” ou “Amor” são pronunciados, eh bem, saibam vocês que nós os ouviremos super bem. Então vocês me dirão:
– “Onde é que se compra isso?”
Há de fato uma versão em spray, sintética da ocitocina, mas ela não está à venda, só é usado em laboratórios, para tentar entender exatamente como ela funciona. E depois, de qualquer maneira, nós não precisaríamos disso, uma vez que os melhores difusores de ocitocina somos nós mesmos.
Cada vez que nós fazemos algo bom, nossos níveis de ocitocina aumentam, sendo que o da pessoa à nossa frente também aumenta. Sempre que sentimos simpatia por alguém, eh bem, nós criamos este círculo que acabará por constituir a tribo que nos permitirá proteger as nossas crianças. Vocês querem saber? … na verdade, é muito útil ser gentil.
- O SEGUNDO MECANISMO É O EFEITO ESPELHO.
Nós somos extremamente sensíveis à maneira de como nós somos olhados pelos outros. Quer dizer que, se nos olham como alguém admirável, nós nos tornaremos alguém admirável. Se nos olham como alguém medíocre, nós nos tornaremos alguém medíocre. Vou lhes contar uma experiência que aconteceu em uma sala de aula. Pesquisadores vão até uma sala de aula e procuram a Professora e dizem:
– “Nós desenvolvemos um questionário para avaliar alunos de alto potencial. A Senhora aceitaria que seus alunos respondam ao questionário?”
A Professora disse que sim.
As crianças responderam a um questionário, sem saber absolutamente nada sobre o que eles estavam fazendo. Os pesquisadores recolheram as cópias, agradeceram às crianças, agradeceram à Professora, saíram da sala, e quando acharam a primeira cesta de lixo, jogaram fora todos os questionários. Eles retornaram 03 semanas mais tarde à mesma sala, e se dirigiram à Professora.
– “Professora, nós identificamos em sua sala de aula, alunos com alto nível de potencialidade. A Senhora gostaria de saber quem eles são?”
A Professora responde:
– “Sim, claro, quero muito saber”.
As crianças continuam sem saber absolutamente nada do que se tratava. Os pesquisadores olham, e de forma aleatória, escolhem três alunos: -“Este, este e este”.
Esses três alunos, naquele ano, progrediram de maneira significativa em relação aos seus colegas, e posteriormente eles fizeram estudos superiores mais extensivos. Por que isso aconteceu?
Porque, durante um ano, alguém olhou para eles e disse: -“Você tem um alto potencial”.
Além disso, vários pesquisadores, também se interessam pelas pessoas que se amam há muito tempo, vejam bem, não me refiro às pessoas que se suportam, e sim as que se amam há muito tempo.
E o que notaram?
Eh bem, saibam vocês, que são pessoas que quando elas se encontram, elas se admiram profundamente. E isso é porque quanto mais tempo vivemos juntos, nós nos tornamos a pessoa que o outro vê em nós. E quando uma pessoa vê em nós alguém maior do que nós somos, isso é algo extremamente gratificante.
Ah sim, espere um pouco, aposto que vocês estão pensando agora:
– “Agora tudo está explicado. Quer dizer que não me olharam à altura do que realmente sou”.
É possível, exceto que eu vou lhe retornar a pergunta:
-“E você, quem você olha e como você os olha?”.
Porque isso conta prodigiosamente. Nós falamos de AMOR. Vocês sabem, se amar por muito tempo não é a única maneira de amar.
TERCEIRO MECANISMO QUE É O QUE CHAMAMOS DE NERVO VAGO.
Existe uma Rock Star das emoções positivas que se chama Barbara Fredrickson. E Barbara Fredrickson requalificou o AMOR. E ela nos diz que o Amor não é uma emoção estável que dura meses e anos. E sim, que o Amor é uma sensação passageira que nós podemos renová-la infinitamente.
Na verdade, quando nós estamos conversando com uma pessoa ou com várias pessoas, acontece um fenômeno completamente natural de ressonância positiva. O que significa que nós iremos nos sincronizar. Talvez a nossa posição se torne a mesma. Talvez a nossa respiração se torne a mesma. O fluxo da nossa voz se torne o mesmo. Não terá alguém que falará mais alto que outro.
E a cada vez que um momento como esse acontece, nós tonificamos um NERVO que conecta o cérebro ao resto do corpo. Se trata do NERVO VAGO que os pesquisadores adoram, porque, se nós medimos a tonicidade dos nossos Nervos Vagos, eu lhes asseguro, nós somos mesmo capazes de lhes dizer com qual idade vocês irão morrer e do que. E essa pesquisa não é feita em qualquer laboratório, eu lhes asseguro.
Então, eu repito, a cada vez que nós vivemos um desses momentos, enfatizo que pode ser tanto com o seu parceiro querido, como com o seu vizinho com quem você fala na rua ou mesmo com um comerciante em um momento completamente banal em suas vidas.
A cada vez que se reproduz esse momento de ressonância, nós tonificamos este NERVO VAGO, nós prologamos nosso tempo de vida e nosso estado de saúde. E pense como esses momentos são absolutamente quotidianos.
Nada disso é extraordinário. Eu vou lhes contar uma última história, em 1938, na Universidade de Harvard foi lançado o mais longo estudo longitudinal sobre a felicidade. Nós decidimos seguir os pesquisados ad vitam, quer dizer até as suas mortes, uma promoção inteira da Universidade. Eram pessoas que aceitaram responder a cada ano a um questionário para dizer, não somente quais eram as suas circunstâncias de vida naquele ano, mas tambem para dizer como elas se sentiam.
Depois de 30 anos de pesquisa, o pesquisador sênior se aposenta. Então fomos vê-lo e lhe dizemos:
-“Você seguiu essas pessoas durante 30 anos. Você seria capaz de dizer, se você, talvez, tenha identificado coisas que nos permitam saber como nós seríamos mais felizes. Existe alguma coisa que você tenha notado?”.
O pesquisador disse:
– “Sim, absolutamente, existem coisas”.
– “Ah, bom, existem muitas?”.
– “Não tanto assim. Vocês sabem, eu sei tudo sobre essas pessoas. Eu sei onde elas moram. Eu sei o que elas fazem. Eu sei como elas se relacionavam com suas mães quando elas eram pequenas. Eu sei se elas são divorciadas. Eu sei se elas estão doentes. Eu sei absolutamente tudo. E vocês sabem o que faz a diferença? – porque existe apenas um fator – é o AMOR”.
E o que ele entende por amor não são apenas os relacionamentos românticos ou familiares, mas também, a atenção que nós damos à qualidade dos nossos relacionamentos.
Porque, vocês sabem, no fim da viagem, quando nós nos viramos para ver como foi a vida que foi a nossa, eh bem, a única coisa que permanecerá, é isso.
– Será que nós cuidamos dessas relações?
– Será que nós reparamos aquelas que mereciam ser reparadas?
– Será que nós zelamos por esses relacionamentos?
O amor é um Super poder, mas ele é apenas um super poder se você aceitar a ideia de que são os outros que fertilizam as nossas vidas.
Auricy T.