Vamos abordar o ponto de vista de David Hawkins sobre como atingir a iluminação, ou no mínimo, como nos ajudar a nos desfazer das emoções negativas para podermos viver num estado de paz descrito pelos grandes iluminados da história da humanidade.
Um belo dia a gente acorda e se pergunta:
Por que é tão difícil ser feliz?
Será que estamos condenados a lutar pela felicidade eternamente?
Essas palavras fazem parte da introdução de David Hawkins no seu livro “Deixar Ir – O Caminho da Entrega Plena”, Hawkins foi durante toda a sua vida um iluminado. Uma das raras pessoas a ter conseguido transcender o sofrimento, sob todas as suas formas, e a ter vivido o restante da sua vida numa paz e numa felicidade imperturbável.
Entre os Iluminados notáveis, podemos citar Buda, Krishina ou ainda Jesus Cristo. Esses homens, assim como muitos iluminados que estão vivos ainda, todos eles atingiram um grau de consciência muito elevado. E, além disso, eles encontraram uma felicidade extraordinária, algo que nós, meros mortais, nem sonhamos que possa existir.
O fato é que todos eles descrevem uma experiência similar ao longo dos tempos. Todos nos dizem que esse estado está ao alcance de todos nós. De todos os iluminados conhecidos, Hawkins é o único que é, juntamente, Psiquiatra e Físico, os seus livros são de uma grande ajuda para este mundo que acredita que a ciência é a única possuidora da verdade, em detrimento da espiritualidade. O seu último livro propõe uma técnica terapêutica para atingir a iluminação, ou no mínimo, nos ajudar a nos desfazer das emoções negativas para vivermos mais em um estado de paz, de plenitude. O que parece ótimo para ser verdade.
O mais interessante nisso tudo, é que Hawkins não pede a ninguém para adotar uma filosofia, uma religião ou mesmo um estilo de vida místico. A sua abordagem é pragmática, baseada em anos de pesquisas. E também, é uma abordagem que pode ser verificada facilmente do ponto de vista científico.
Após ter passado a sua vida a testar incansavelmente várias práticas espirituais possíveis. Hawkins afirma que o DEIXAR IR, O SOLTAR, ultrapassa todo o tipo de religião, todo o tipo de filosofia, de psicoterapia, de psicanálise, de visualização, de afirmação, de programação neurolinguística, e mesmo todos os medicamentos que existem.
Hawkins confirma também que se tornar rico e famoso, achar o parceiro ideal ou ler centenas de livros sobre o assunto não nos trará jamais o que procuramos. Pois, essa felicidade que desejamos está em nós. Ela deve vir do nosso interior. Segundo Hawkins – nós acumulamos desde muito jovens um reservatório de emoções negativas que nos impedem de viver serenamente, isso fez com que essa sociedade venerasse o medo. É até ridículo a que ponto somos animados por um desejo insaciável de remoer os problemas, o tempo todo.
A maioria das notícias de jornais são mórbidas e somos invadidos por crenças sobre esse mundo supostamente perigoso e competitivo, onde é necessário lutar para ser o melhor para ser feliz. Nas nossas mentes, nunca somos suficientemente belos, suficientemente forte, inteligente ou até mesmo engraçados. E isso tudo começa a partir da infância. Desde lá, essa sociedade doente, da qual fazemos parte, nos fez sofrer dessa ideologia horrorosa e o resultado foi que fomos desenvolvendo, ao longo da vida, emoções altamente negativas, tais como a aflição, o medo e a cólera.
De acordo com Hawkins, e a própria neurociência, a emoção é o meio natural, pelo qual, o corpo combate uma ideia ruim. No fundo, quando acreditamos em algo ruim sobre nós, a emoção do medo e da dor que acompanha esses pensamentos é um meio de nos dizer PAREM de acreditar nessas mentiras.
Mas o problema é que, quando essas emoções se manifestam em nós, a sociedade inteira nos incentiva a guerrear contra essas emoções. E para isso, nós aprendemos desde criança a dispor de 03 técnicas duvidosas e paliativas que passamos a aplicá-las ao longo das nossas vidas.
A primeira técnica é a SUPRESSÃO/REPRESSÃO: quando uma emoção forte chega com a dor que a acompanha, não sabemos o que fazer com ela. E frequentemente, neste momento, tomamos a decisão de desacreditá-la. Nós a justificamos, e na maioria das vezes, nós fazemos isso acusando os outros de serem os responsáveis pelas nossas emoções negativas. E nos esforçamos para esquecê-la. É o que chamamos de SUPRESSÃO. Silenciar uma emoção conscientemente.
Às vezes quando a dor é muito forte, é o inconsciente que faz o trabalho, que assume. Pois, a emoção poderia fazer muito estrago e ela é descartada sem que nós tenhamos escolha, é o que chamamos de REPRESSÃO. Nos dois casos, nós não eliminamos as nossas emoções. E quando uma situação, que nos lembra essas emoções, se apresenta, o que ainda está em nós se manifesta de novo. Estando consciente ou não, as nossas emoções negativas, no momento presente, são provocadas por resíduos dolorosos que não foram eliminados no passado.
A segunda técnica duvidosa de administrar a dor é a EXPRESSÃO. É quando falamos aos nossos familiares, quando reclamamos, quando choramos. O corpo, também se exprime constantemente, e é de lá que vem todas as más posturas, os tiques nervosos, as unhas roídas, e outros sinais evidentes de mal-estar. Segundo Hawkins, a EXPRESSÃO será sempre mais benéfica que a REPRESSÃO. Mas ela tem, frequentemente, o efeito indesejável de justificar as emoções e de aumentar o seu grau de influência. A EXPRESSÃO consegue eliminar uma pequena parte da emoção, ficando a maior parte da emoção reprimida.
Atualmente, esse meio de administrar a dor é muito superestimado. Amamos acreditar que falar sobre a dor com os outros, nos ajuda a liberá-la. Isso é em parte devido a uma má interpretação dos trabalhos de Freud, que provou, na sua época, que os sentimentos reprimidos eram a causa de todas as neuroses. Esse fato deu origem a uma grande importância vis-à-vis a EXPRESSÃO, que não é, na realidade, segundo Hawkins, tão eficaz assim, e mais ainda, ela força aqueles que escutam a se inundar de negatividade, que será depois necessário para eles, reprimir, expressar ou simplesmente fugir.
A terceira técnica é a FUGA, tristemente, o método mais popular para administrar uma emoção que incomoda é a FUGA. Tentar escapar a dor é o pilar de diversos tipos de indústria de consumo em massa, e o pior, é que nos tornamos cada vez mais dependentes do consumo, incluindo os vícios – cigarros, bebidas, drogas em geral – para tentar mascarar a nossa dor.
Essas 03 técnicas têm, apesar de tudo, um resultado positivo, mesmo que paliativo, ou seja, só serve naquele momento, como, por exemplo, quando sofremos uma grande descarga emocional, tal como uma rutura ou um luto. O que talvez seja bom, é praticar um pouco de cada uma dessas 03 técnicas para amenizar uma dor muito forte.
E é a partir daqui que entra a percepção de David Hawkins. Segundo ele, será somente numa ótica subsequente, que poderemos empregar o – DEIXAR IR, O SOLTAR – quer dizer autorizar uma emoção a estar em nós e esperar que ela se dissipe por ela mesmo. Não tentar resistir a ela, pois é a resistência que faz com que ela fique. Durante esse abandono, ignorar os seus pensamentos e se concentrar nas sensações, pois os pensamentos são intermináveis. Eles se reforçam entre eles e tentam justificar a presença da emoção. A emoção está simplesmente presente devido à pressão acumulada das suas repressões passadas.
Deixe a emoção voltar, quando ela quiser voltar – vivencie ela, não importando quão dolorosa ela possa ser, até que ela se dissipe. Uma emoção nunca é imortal, nunca é Ad eterno, e quando vocês aprenderem a autorizar essa emoção a fazer o que ela quer fazer quando ela se apresenta pela primeira vez, vocês descobrirão então que “depois da chuva vem o sol”. Vocês sentirão como se vocês tivessem perdido uma tonelada de peso.
E da próxima vez que um evento, que os façam reagir fortemente pela emoção do passado, se apresentar, a emoção terá diminuído de intensidade, vocês terão apenas que recomeçar o processo até que a emoção seja, definitivamente, colocada para fora de vocês. Quando a emoção for liberada, vocês se darão conta, então, que os pensamentos, sobre o tema em questão, foram induzidos ao erro pela dor, e vocês poderão, a partir daí, ver a razão dessa emoção mais claramente.
Elas têm sempre como fonte principal, as crenças negativas e fatalistas que vocês acumularam a vida toda, pois foi assim que elas se apresentaram pela primeira vez quando vocês a reprimiram. Funcionou assim: alguém, no passado, transmitiu a vocês uma crença, uma mentira que provocou uma emoção ruim. Se de um lado, os seus corpos conseguiram rejeitar duramente essas informações negativas. Do outro lado, vocês não permitiram que elas fossem liberadas totalmente. A pressão social incentivou vocês a colocar essas informações negativas de lado.
Mas quando a emoção começa a ir embora, vocês poderão escolher acreditar em outra coisa, sem que a dor se envolva no processo de escolha. Hawkins quis nos mostrar que as emoções reprimidas são as causas dos pensamentos negativos da autocrítica. Quando sentimos medo, nós temos pensamentos de medo. Em contrapartida, quando nos sentimos bem, os nossos pensamentos são calmos, nós somos mais tolerantes conosco e os nossos passados.
Quando administramos a emoção, usando as 03 técnicas paliativas, explicadas acima, nós percebemos que depois a emoção volta. E mais a emoção é velha, antiga, mais a sentimos com mais força. E a energia por detrás dela é mais forte. Por isso é importante que a gente aprenda a soltar, a deixar que a emoção faça o seu processo de vir e ir embora, deixar que ela se dissipe. Para que assim, quando ela voltar e se ela voltar, ela venha com menos força e fique menos tempo. Até que ela não volte mais.
É claro que vocês não estarão totalmente bem, com apenas 30 minutos de abandono de uma emoção, é preciso tempo, paciência. Vocês também não irão ficar curados de um luto de uma pessoa querida em duas sessões. Mas, o mais importante é que vocês autorizem os seus corpos a purgar as suas dores. Ninguém é obrigado a guardar um rancor horrível de uma realidade que não aceita. E, portanto, muitas pessoas guardam esse tipo de emoção por toda a vida.
Não cometam o erro de abandonar uma emoção, simplesmente por abandonar, porque a emoção estará lá sempre, mesmo depois de algum tempo. A medida que abandonamos as nossas emoções negativas, nós nos tornamos progressivamente mais calmos, mais tranquilos, mais em paz.
Elas chegam e vão embora. E vocês se darão conta progressivamente que vocês não são as suas emoções, mas sim, que vocês são somente a testemunha, o observador dessas emoções. Se as suas emoções mudam, então elas não são as suas identidades. Se os seus pensamentos mudam com as suas emoções, então os seus pensamentos também não são as suas identidades. E isso é algo que os iluminados sabem melhor que ninguém.
Nós somos sempre a testemunha silenciosa que pode observar um pensamento apenas surgido. Nós podemos observar uma sensação sem que para isso sejamos essa sensação. Ter medo, não quer dizer que vocês sejam covardes. Só quer dizer que, neste momento, vocês estão com medo. Nós temos, todos nós, um reservatório de emoções negativas em nós. E essas emoções se expressam, quer a gente queira ou não.
Em psicologia, nós chamamos isso de Projeção. Nós projetamos no mundo as neuroses, os medos, as cóleras que guardamos em nós. Uma pessoa muito ansiosa consegue ver centenas de razões que causam estresse. Uma pessoa medrosa vê criminosos em todos os cantos. Pessoas que são coléricas encontram sempre uma razão para brigar com todo mundo o tempo todo. DEIXAR IR … SOLTAR significa realizar que as nossas angústias quotidianas são os resultados dos nossos passados de fuga.
Isso significa – “Deixe o corpo fazer o que ele sempre quis, que é expulsar do seu sistema a dor ligada a uma crença absurda”. Uma vez a dor passada, vocês poderão então observar melhor as visões que vocês têm da vida e ver que dentro dos seus corações, vocês não têm nenhum desejo de perpetuar tal ou tal crença. Vocês querem, simplesmente, estar em paz.
Deixando ir … soltando as emoções negativas que estão em vocês, automaticamente vocês se tornam cada vez mais leve. O mundo não os fará mais reagir como antes. E vocês passam a compreender que vocês foram enganados pelas suas emoções e que vocês amarraram as suas identidades a mentiras.
E é nesse momento, que vocês descobrem o caminho tão desejado em direção à paz. Este livro é realmente incrível. Hawkins ofereceu algo fantástico ao mundo, só precisamos descobri-lo.
Auricy T.