Este novo teste detecta a presença de uma forma particular da proteína tau no sangue, que já é usada como biomarcador da doença no líquido cefalorraquidiano.
Atualmente, os testes para rastrear a doença de Alzheimer são caros, invasivos e demorados. Mas a pesquisa está avançando. Em particular, para o desenvolvimento dos primeiros exames de sangue. Isso possibilitaria detectar marcadores biológicos da doença, como o acúmulo de proteína beta-amiloide ou proteína tau. Um desses testes, chamado “ALZpath p-tau217”, envolve a detecção da presença de p-tau217 – uma forma específica da proteína tau já usada como biomarcador da doença de Alzheimer no líquido cefalorraquidiano – no sangue.
Para determinar a eficácia desse método, pesquisadores da Universidade de Gotemburgo, na Suécia, recrutaram 786 participantes, alguns sem comprometimento cognitivo e outros com doença de Alzheimer. Todos foram submetidos aos métodos clássicos de diagnóstico da doença – exames de imagem cerebral e punção lombar – e também tiveram uma amostra de sangue colhida para o exame. No entanto, analisando o sangue dos diferentes participantes, o teste ALZpath p-tau217 foi capaz de identificar a presença da doença com 80% de precisão. Esse percentual é comparável ao obtido por punção lombar, que mede o nível de proteínas tau e beta-amiloide presentes no líquido cefalorraquidiano, e superior às avaliações realizadas por imagem cerebral, que consiste em procurar atrofia em determinadas áreas do cérebro afetadas pela doença.
Quais serão os próximos passos antes que esse teste seja disponibilizado ao público em geral? – Pois o teste está atualmente disponível apenas para uso em investigação, afirmou Nicholas Ashton, professor de neuroquímica na Universidade de Gotemburgo, na Suécia, e um dos principais autores do estudo. Ashton disse também que se espera que este teste esteja disponível para uso clínico em breve.
Estes resultados encorajadores terão de ser validados em amostras maiores de doentes e mais diversificadas do ponto de vista étnico e, em seguida, terá de ser obtida uma autorização de introdução no mercado por parte das autoridades de saúde europeias.
Uma jornada que pode levar vários anos, mas com um grande desafio: diagnosticar essa doença mais cedo, de maneiro menos custosa e menos dolorosa para os pacientes.