1) O planeta não está em perigo. Mas nós, nossa sociedade, sim.
2) O planeta já conheceu períodos mais inóspitos. Mas nós, humanos, não.
3) O planeta é indiferente à sorte dos seres vivos que o habitam, sejam humanos ou não-humanos. Pouco importa para a Terra que exista condições favoráveis ou inadequadas para que todas as formas de vida prosperem no seu seio.
4) Não basta se preocupar apenas em salvar o planeta. O mais importante é assegurar a nossa sobrevivência enquanto espécie, bem como a sobrevivência dos demais seres não humanos que nos acompanham.
5) Não basta se preocupar com o meio ambiente de maneira geral. É necessário conhecer quais tipos de danos nossa atividade individual e coletiva de produção e consumo causa ao meio natural. É igualmente importante saber distinguir se o dano é local, regional e global; bem como saber distinguir se o dano é reversível, reparável, recuperável ou se o dano é irreversível, irreparável, irrecuperável.
6 – A mudança climática não é um fenômeno isolado, único, mas um fato que engendra outros, igualmente graves. Trata-se de um dos componentes da crise ecológica do planeta, juntamente com: perda de biodiversidade, esgotamento dos recursos naturais não renováveis e poluição dos meios naturais (água, ar, solos…).
7 – O aquecimento global não é um fenômeno espontâneo. Trata-se de transformação forjada pelo nosso modo de produção e consumo de bens e serviços.
8) Não se trata de algo incerto e não sabido. Mas de fenômeno medido diariamente e cujas previsões feitas há quatro décadas estão se realizando.
9) A transição energética não será indolor. Será longa, levará decênios, em razão de sua inércia devido aos investimentos consideráveis já realizados energias fósseis e aos que estão sendo feitos em energias de baixo carbono.
10) Em torno de 85% da energia primária mundial consumida anualmente é de origem fóssil (carvão, petróleo, gás natural). As energias fósseis movem e transformam o mundo: agricultura, indústria, serviço construção, transporte…
11) A transição das energias fósseis para energias renováveis de baixo carbono (solar, eólica, nuclear, hidráulica, etc.) significa reduzir a dependência da sociedade de energias fósseis e aumentar a dependência de metais (abundantes, críticos e raros).
(*) Tomás Togni Tarquinio.
Antropólogo pela Universidade de Paris VII, pós graduado em Prospectiva Ambiental pela EHESS. Ex-diretor de estudos no GERPA, CREDOC. Consultor América Latina e Europa. Membro do Institut Momentum.