A biodiversidade do nosso planeta, que abrange a vasta variedade de vida vegetal e animal, está enfrentando uma crise sem precedentes. A perda acelerada de biodiversidade é um fenômeno alarmante que tem consequências diretas para a sustentabilidade dos ecossistemas globais e para o bem-estar humano. Este artigo discute os fatores que contribuem para essa perda acelerada e as implicações que ela tem para o futuro do nosso planeta.
ALTERAÇÕES HUMANAS NO SISTEMA TERRA
A influência humana no sistema Terra é vasta e multifacetada. Alteramos a atmosfera através da emissão de gases de efeito estufa, principalmente devido ao uso de combustíveis fósseis. A litosfera, que compreende as rochas, a terra e os minerais, também sofre com as nossas atividades, assim como a hidrosfera, que inclui as águas em suas formas gasosa, líquida e sólida. No entanto, é na biosfera, a fina camada da Terra onde a vida prospera, que as nossas ações têm tido o impacto mais devastador.
A SEXTA EXTINÇÃO EM MASSA
Cientistas alertam que estamos atravessando a sexta extinção em massa da biodiversidade, a mais significativa desde o desaparecimento dos dinossauros. A principal causa dessa perda acelerada de biodiversidade é a conversão de ecossistemas naturais em áreas destinadas à agricultura, pecuária e urbanização. Essas transformações têm levado ao declínio de espécies tanto vegetais quanto animais, com consequências que reverberam por toda a teia da vida.
IMPACTO DA AGRICULTURA E URBANIZAÇÃO
A expansão da agricultura e da urbanização tem sido particularmente prejudicial para a biodiversidade. A extensão da superfície urbana e das estradas, juntamente com a prática de monoculturas e o uso intensivo de agrotóxicos, tem contribuído para a extinção de inúmeras espécies. Nos últimos 200 anos, mais de 200 espécies de vertebrados foram extintas, e as populações de animais vertebrados diminuíram em 69% entre 1970 e 2016. Além disso, estudos na Europa mostram que 80% da população de insetos voadores desapareceu nos últimos 30 anos, um declínio atribuído em grande parte ao uso de agrotóxicos.
DESAFIOS PARA A FAUNA E FLORA MUNDIAIS
No que diz respeito aos mamíferos, os números são igualmente preocupantes. Atualmente, 60% dos mamíferos no planeta são animais de criação, destinados principalmente à alimentação humana, enquanto apenas 30% são mamíferos selvagens. No Brasil, a situação é considerada grave, com o Ministério do Meio Ambiente estimando que 1.200 espécies de animais estão ameaçadas de extinção.
O PAPEL HUMANO NA PERDA DE BIODIVERSIDADE
O ser humano, através de suas atividades de produção e consumo, é o principal agente dessa transformação ambiental. A agricultura, a indústria, os transportes e a produção de energia são atividades que causam um impacto significativo na biodiversidade. Estamos agindo como se não houvesse consequências para nós mesmos, destruindo o habitat dos demais seres vivos e comprometendo a habitabilidade do planeta.
CONSTRUINDO UM NOVO MODELO DE PRODUÇÃO E CONSUMO
Para preservar a biodiversidade vegetal e animal, é necessário construir um novo modelo de produção e consumo que seja mais sóbrio no uso de matéria e energia e que respeite as condições de existência de todas as espécies. Esse novo modelo deve ser compartilhado globalmente, pois atualmente apenas 25% da população mundial está integrada na sociedade de consumo intensivo, enquanto os 50% mais pobres emitem apenas 8% do CO2. Não é possível estender o atual modelo de produção e consumo a toda a população do planeta sem causar danos irreparáveis.
CONCLUSÃO: A URGÊNCIA DE AÇÃO
A perda acelerada de biodiversidade vegetal e animal é um dos maiores desafios do nosso tempo. A necessidade de ação é urgente e requer uma mudança profunda na maneira como vivemos e interagimos com o nosso planeta. Somente através de esforços conjuntos e transformações significativas em nossas práticas econômicas e sociais poderemos garantir a preservação da biodiversidade para as gerações futuras.
(*) Tomás Togni Tarquinio.
Antropólogo pela Universidade de Paris VII, pós-graduado em Prospectiva Ambiental pela EHESS. Ex-diretor de estudos no GERPA, CREDOC. Consultor América Latina e Europa. Membro do Institut Momentum.
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