Impacto Humano na Biodiversidade e a Urgência de Mudanças
Os seres humanos têm exercido uma influência sem precedentes sobre o planeta Terra, alterando seus quatro componentes fundamentais: a atmosfera, a litosfera, a hidrosfera e, de forma particularmente drástica, a biosfera. A emissão de gases de efeito estufa, principalmente devido ao uso de combustíveis fósseis, tem modificado a atmosfera, enquanto a exploração de recursos minerais e a transformação do solo impactam diretamente a litosfera. A hidrosfera também não escapa das ações humanas, com alterações em suas formas gasosa, líquida e sólida. Contudo, é na biosfera, a fina camada da Terra onde a vida floresce, que observamos as consequências mais alarmantes da atividade humana.
A Sexta Extinção em Massa: Uma Realidade Acelerada
Em dezembro de 2022, a conferência das Nações Unidas sobre biodiversidade, realizada em Montreal, Canadá, trouxe à tona a preocupante velocidade com que a biodiversidade vegetal e animal do planeta está sendo perdida. Cientistas alertam que estamos atravessando a sexta extinção em massa, a mais significativa desde o desaparecimento dos dinossauros. A principal causa desse declínio é a conversão de ecossistemas naturais em áreas de agricultura, pecuária e urbanização. A expansão urbana e a construção de estradas também contribuem significativamente para esse fenômeno.
Declínio Vertiginoso da Fauna e Flora
Nos últimos dois séculos, cerca de 200 espécies de vertebrados foram extintas, e a população de animais vertebrados diminuiu em 69% entre 1970 e 2016. Na Europa, estudos indicam que 80% da população de insetos voadores desapareceu nos últimos 30 anos, um declínio atribuído ao uso de agrotóxicos e à prática da monocultura. No que diz respeito aos mamíferos, apenas 4% são selvagens, enquanto 60% são criados para consumo humano e os 30% restantes somos nós, os seres humanos.
A Situação no Brasil e a Responsabilidade Humana
No Brasil, a situação é igualmente grave, com o Ministério do Meio Ambiente estimando que 1.200 espécies de animais estão ameaçadas de extinção. O ser humano, através de suas atividades de produção e consumo, agricultura, indústria, transportes e produção de energia, tem causado um impacto devastador na biodiversidade. Agimos como se não houvesse consequências para nós mesmos, destruindo o habitat de outras espécies e comprometendo a habitabilidade do planeta.
Construindo um Novo Modelo de Produção e Consumo
Para preservar a habitabilidade do planeta para nós e para os demais seres vivos, é necessário construir um novo modelo de produção e consumo que seja sóbrio no uso de recursos e energia e que respeite as condições de existência de todas as formas de vida. Esse novo modelo deve ser compartilhado globalmente, considerando que apenas 25% da população está integrada na sociedade termoindustrial, enquanto a maioria ainda vive em sistemas agrícolas de baixa produtividade. Além disso, os 10% mais ricos do planeta são responsáveis por 52% das emissões de CO2, contrastando com os 50% mais pobres que emitem apenas 8%. Não é possível estender o atual modelo de produção e consumo a toda a população mundial sem consequências catastróficas.
Conclusão: A Necessidade de Ação Imediata
Diante do cenário atual, torna-se imperativo que a sociedade global reconheça a urgência de mudanças significativas em suas práticas. A preservação da biodiversidade e a sustentabilidade do planeta exigem uma transformação rápida e profunda em nossos modos de vida. Somente assim poderemos garantir um futuro onde a vida, em todas as suas formas, possa continuar a prosperar na Terra.
(*) Tomás Togni Tarquinio.
Antropólogo pela Universidade de Paris VII, pós graduado em Prospectiva Ambiental pela EHESS. Ex-diretor de estudos no GERPA, CREDOC. Consultor América Latina e Europa. Membro do Institut Momentum.
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